Memórias de uma Gueixa

Memórias De Uma Gueixa, de Arthur Golden, foi a minha primeira escolha literária para 2013. Foi uma escolha feliz uma vez que gostei bastante da história. 

Este livro conta a história de Chiyo, uma menina de nove anos que nasceu numa pequena aldeia de pescadores, algures no Japão. Depois de a mãe adoecer, o seu pai decide vendê-la, e à sua irmã Satsu, de 15 anos, para viveram na cidade. São ambas enviadas para Quioto. Satsu, como era mais velha, é vendida a uma casa de prostituição e Chiyo, sendo mais novinha é vendida para a okiya Nitta, onde começa por ser escrava e mais tarde inicia o treino de gueixa. Claro que a história não é assim tão simples, existiram pelo meio alguns contratempos. O maior encrave ao treino de Chiyo chamava-se Hatsumomo, que era a gueixa mais velha da okiya e, por inveja da beleza da pequena Chiyo, fez todos os possíveis para atrapalhar o seu treino. Entre outros, claro. Mas não vou revelar mais.

É um livro muito agradável e fácil de ler, prendeu-me do inicio ao fim. A cena desenrola-se ao longo dos anos 30 e também durante a 2ª Guerra Mundial, o que nos ajuda a ter uma ideia de como era a vida nessa altura e das principais dificuldades que as pessoas sentiam devido à Grande Depressão. Percebemos que a maioria das gueixas não passavam grandes dificuldades uma vez que os seus clientes eram essencialmente homens de negócios, com dinheiro suficiente para pagar bem pela sua companhia. Mas em vários pontos do livro são relatadas cenas em que Sayuri encontra pessoas pobres, por Quioto, fora do bairro onde as gueixas residiam, e que eram magros e passavam fome e não tinham onde viver. Foram cenas que, apesar de breves, me chocaram um pouco...

Fiquei um pouco com a ideia que as gueixas eram todas um bocadinho ocas, uma vez que a principal forma de entreter os clientes era através de jogos de bebida em que todos acabavam bêbados.... Mas de vez em quando encontramos na história algumas mulheres inteligentes, capazes de falar com os homens acerca de negócios e politica e de os seduzir sem serem demasiado evidentes. Uma destas gueixas era Mameha, a irmã mais velha de Sayuri e, por sinal, a minha personagem favorita. Era descrita como uma mulher muito bonita e muito inteligente e ficamos também a saber que era bastante astuta. Uma perita em irritar Hatsumomo, o que tornou a historia cómica em algumas cenas. 

Apesar de ter gostado da história, achei que mais para o fim, quando começam os relatos do inicio da guerra e de como as pessoas tiveram que sair de Quioto, os que morreram, os que voltaram mais tarde.... comecei a achar que o livro tinha perdido um pouco o interesse e que se calhar deveria ter terminado na altura em que Sayuri acaba o treino e se torna gueixa. Ainda para mais, nesta altura da história a Sayuri é um bocadinho mázinha com um amigo de longa data, o Nobu. Quase dá vontade de lhe bater! 

Mesmo para quem já viu o filme, sugiro que leia o livro. Como diz a Su, o filme tem um colorido bonito. Mas há muitos detalhes que são diferentes. Por exemplo, no final do filme Sayuri envolve-se com um militar americano que é suposto ajudar Nobu no financiamento da sua Companhia Eléctrica. No livro esta cena também acontece, no entanto, em vez do militar, Sayuri envolve-se com o ministro das finanças do japonês. O filme também dá a ideia que Chiyo começou o treino para gueixa logo assim que foi viver para a okiya. No livro acabamos por saber que demorou meses até que Chiyo começasse a frequentar a escola de gueixas, já para não falar das grandes sovas que apanhava na okiya e do trabalho escravo que fazia todos os dias.

Mesmo assim, ver o filme ajudou-me a ter uma imagem mais bem construída do que tinha imaginado ao ler o livro. As ruas do bairro, os quimonos, as maquilhagens e os penteados, as personagens....

Para quem goste de conhecer novas culturas e as suas tradições as Memórias De Uma Gueixa é um livro que vale a pena conhecer.