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domingo, 6 de janeiro de 2013

Não é triste quando se ouve alguém a dizer algo como "ler? eu? nunca li um livro na minha vida!"? Serei só eu que me cruzo com imensas pessoas que pensam assim? Na verdade, julgo que a maior parte das pessoas que conheço pensa assim.... Fico triste quando ouço isto e até me custa a acreditar que o estou a ouvir. Para ser sincera, a ideia que me passa pela cabeça nesses momentos é aquela imagem do deserto em que se vê um fardo de palha ou algo do género a esvoaçar ao sabor do vento, como se naquela cabecinha não existisse mais nada a não ser ar e vento. Na verdade esta imagem diverte-me. Sim, eu sei. Cada um com os seus passatempos e as suas paixões. Jogos, musica, desportos... A minha é esta. Ler, de tudo um pouco.  Fantasia, ficção, romance, policial... 
Arranja-se sempre tempo para pegar num livro, nem que seja para ler duas ou três páginas. Um bocadinho antes de adormecer, na paragem enquanto espero pelo autocarro, numa esplanada a beber um sumo, até mesmo quando acompanho o meu namorado enquanto trata de assuntos de trabalho e acabo por ter que esperar por ele no carro. Não me importo nada e quando ele volta pergunta-me "já leste isso tudo??". Não é nada de novo o que estou a dizer, mas é sempre bom abrir um livro e descobrir tudo o que ele tem para nos contar. Conhecer sítios novos e novas culturas (até mesmo mundos novos), conhecer as personagens e as suas histórias, seguir as intrigas e descobrir os segredos. Cada página é uma surpresa, uma descoberta. Claro que há livros que me desiludem ou não cativam a minha atenção, mas em compensação há livros que se "devoram" de tão bons que são. 
Ainda me lembro da escrivaninha do meu avô, com o seu gira-discos num canto e os livros todos organizados. O meu avô era amante dos clássicos. Estudou pouco, só o suficiente para aprender a ler e a escrever e começou a trabalhar muito novo. No entanto era um homem culto. Sabia falar de musica, de teatro, de cinema, de politica... Segundo ele, tudo o que sabia aprendeu nos livros. Aqueles livros com as capas gastas do tempo e do uso e as páginas amareladas e o cheiro a antigo. Como adorava sentir o cheiro dos livros do meu avô. Ainda hoje é o cheiro que me recorda dele. Parece que ainda o estou a ver, sentado à escrivaninha com um disco de Bach ou Beethoven, um Português Suave numa mão e um livro noutra. São boas recordações.
Talvez seja por isto que ler é uma paixão. Esta imagem é muito reconfortante e dá uma certa vontade de a recriar.

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