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terça-feira, 2 de abril de 2013

Kafka à Beira-mar

Foi com alguma dificuldade que consegui comprar este livro. Sempre que tentava comprar, esgotava. Acabei por receber como prenda no dia dos namorados. E no fim, acabei por apanhar uma grande desilusão...
Não é que o livro seja mau, ou a historia não seja apelativa, mas houve muitas pontas soltas no final do livro. 
Kafka à beira-mar é a história de Kafka Tamura, um rapaz de 15 anos, que decide fugir de casa uma vez que a relação que tem com o pai não é propriamente fácil. Kafka foi abandonado pela mãe e pela irmã quando tinha apenas 4 anos, pelo que não guarda qualquer recordação a não ser uma fotografia em que está com a irmã na praia. 
Durante o tempo em que está em fuga, Kafka decide visitar uma biblioteca particular onde conhece Oshima e a Sra Saeki que acabam por lhe oferecer trabalho. 
Paralelamente, conhecemos o Sr Nakata que, segundo ele próprio, não é muito inteligente, mas fala a língua dos gatos e aproveita essa  habilidade para encontrar gatos desaparecidos. Nakata sofreu um acidente em criança e devido a esse acidente não sabe ler, não tem memórias de infância, tem alguma dificuldade em expressar-se e vive de um "subsítio" que o Governador lhe dá todos os meses. 
Mais uma vez, o personagem principal é um rato de biblioteca, que devora livros, pratica desporto e só come coisas saudáveis. Igual ao Tengo e ao "K". Ao longo da história tenta descobrir o paradeiro da sua mãe e da sua irmã. 
Como já referi, há muitas pontas soltas no final do livro. Dei por mim a cerca de 40 paginas de acabar o livro e a perder a vontade de o fazer porque já estava a perceber que muita coisa ficaria sem explicação. Por exemplo, o livro inicia com uma cena de uma aula ao ar livre de uma turma primária, em que as crianças vão para as montanhas com a professora para apanharem bagas e cogumelos. A cena decorre durante a 2ª Guerra Mundial. De repente, todas as crianças perdem a consciência e ficam caídas no chão durante algum tempo, até que voltam a recuperar os sentidos, não se recordando do que aconteceu. Ficamos mais tarde a saber que uma das crianças só recupera os sentidos semanas mais tarde, no hospital militar, e que essa criança é Nakata. Quase a meio do livro encontramos uma carta da professora, já idosa e reformada, em que relata alguns detalhes acerca desse incidente que na altura escondeu dos militares. No entanto, até ao final do livro não ficamos a saber o que terá provocado o incidente nem o motivo de Nakata ter perdido a memória e capacidade de ler e escrever. 
Outra coisa que não é bem explicada é a personagem que se identifica como Johnny Walker. Fiquei com a ideia que seria, de certo modo, imaginação de Nakata ou então, um personagem sem forma definida e sem nome, à semelhança de outras que aparecem ao longo do livro. Surgem apenas para ajudar os personagens em alguma tarefa que tenham pela frente, mas não passam de "fantasmas" que na realidade não existem. 
Outro detalhe importante nesta história é a maldição que o pai de Kafka lhe roga logo desde criança. Esta maldição persegue-o e determina muitas das suas atitudes e vai estar muito presente em todo o livro. Acabamos por ficar com uma ideia muito negativa do pai de Kafka. 
A personagem que mais gostei foi o Hoshino, que surge mais tarde como amigo de Nakata. Começa por ser apenas um camionista que dá boleia a Nakata mas acaba por ser muito importante no decorrer da viagem. É um rapaz jovem e despreocupado. Ao conhecermos a sua história percebe-se que cresceu num ambiente em que terá sido pouco amado, a não ser pelo avô que era o único que se preocupava em ir buscá-lo à prisão quando se metia em sarilhos.

O final da história fica em aberto, muito ao estilo do Murakami, em que cada um interpreta como entender. Vale a pena ler este livro, não deixa de ser um bom livro. No entanto não foi o livro de Murakami que mais gostei até agora (apesar de todas as pessoas que conheço me terem dito que era um livro fantástico). 

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