Norwegian Wood, conta a história de Toru, Kizuki e Naoko. Kizuki e Naoko são namorados desde os tempos de infância e Toru é o melhor amigo de Kizuki. Aos 17 anos, e sem que alguma coisa o pudesse prever, Kizuki suicida-se deixando Naoko e Toru sozinhos e desamparados. De certa forma era Kizuki que os ligava ao mundo real e sem a sua presença, resolvem afastar-se de casa e de todas as pessoas conhecidas e partem em busca de um novo começo.
Toru parte para Tóquio, ingressando na Universidade e encontra um novo amigo, Nagasawa (rico e de boas famílias, culto e com um estilo de vida muito particular). Juntos divertem-se em busca de raparigas tontas com quem passar uma ou outra noite. É frequente encontrarmos excertos em que Toru compara o seu novo amigo com o Kizuki, o seu único e verdadeiro amigo.
Claro que Toru e Naoko voltam a encontrar-se em Tóquio e tentam reatar a amizade, no entanto não se revela uma tarefa fácil uma vez que ambos se encontram ainda fragilizados pela morte de Kizuki. E mais não revelo porque ia estragar a piada do livro.
Este é um livro particularmente triste, onde o mais frequente são os finais menos felizes. Existem também vários triângulos amorosos e curiosamente o Toru encontra-se em todos eles como se fosse uma sina, como se estivesse destinado a não encontrar o seu final feliz. Ao longo da história encontramos um Toru gradualmente mais adulto e mais determinado, mas também muito só. Chega a dar pena... Mais para o final da história ele acaba por ter que escolher entre o seu primeiro amor, a Naoko, e a sua melhor amiga, a doida da Midori (que ainda me arrancou alguns risos pelas suas ideias surreais).
A personagem que mais gostei e também que me deixou realmente triste, foi a namorada do Nagasawa, a Hatsumi que apesar de surgir poucas vezes (sendo uma personagem secundária) revela-se uma mulher muito forte, apaixonada e que acaba por ter um final menos bom. Os restantes personagens são semelhantes a tantos outros. O Toru é um rato de biblioteca, para variar...
Há sempre musica de fundo neste livro (mais que nos restantes que conheço), essencialmente melodias que despertam tristeza, melancolia, saudade, solidão... Deixo em baixo a música com que iniciamos a história e que é tocada tantas outras vezes ao longo do livro. É uma música realmente bonita.
Mais uma vez fiquei encantada com a escrita do Murakami, sempre requintada e delicada. Este livro vai, sem dúvida, para a "lista" dos favoritos juntamente com "A sombra do Vento", "O Circo dos Sonhos", "1Q84", entre outros. É um livro sobre a vida e a morte, sendo que a morte não é encarada como o fim da vida, mas sim como parte dela. Tenho a certeza que me vou recordar deste livro em vários momentos da minha vida.
Quanto ao final do livro, achei muito semelhante ao final de Sputnik, meu amor, o que me leva a pensar "será que se suicidou?" Calma, não estou a fazer spoiler! Nada leva a crer que isso acontece, mas o ultimo parágrafo do livro é muito confuso e fiquei com essa sensação. Se houver por aí alguém que já tenha lido, gostava muito de saber a opinião acerca do final!
De resto, recomendo bastante!
Ah! E não fui só eu que gostei do livro. Realmente... o Murakami e os gatos é uma coisa inexplicável...
Oi, Spinelli. O final para mim, representa que Toru está iniciando uma nova fase de sua vida. Ele liga para Midori para demonstrar que a ama. Ou seja, ele está disposto a esquecer Naoko e começar uma vida nova. Eu entendi assim. Um abraço.
ResponderEliminarOlá Alessandro! Primeiro que tudo obrigado pelo comentário :)
ResponderEliminarEu também fiquei com essa ideia, até porque seria de esperar que no final ele ficasse com a Midori. Mas o ultimo parágrafo do livro é muito estranho. Ele desliga o telefone e olha para fora da gabine e não sabe onde está, vê apenas vultos de pessoas e depois diz "Eu chamava uma e outra vez pela Midori do centro morto deste lugar que não era lugar nenhum". É estranho...
De qualquer forma as minhas dúvidas acerca do final devem-se à comparação com o final de Sputnik, meu amor (já leste?) em que o livro também termina com uma chamada telefonia da Sumire, que estava desaparecida há meses, e ela não sabe onde está mas diz que está de volta. Diz ao K que vai descobrir onde está e já lhe volta a ligar. E é o fim... Desde o desaparecimento de Sumire que K pensa varias vezes que ela só pode ter passado para uma outra dimensão, um outro mundo (já que não a encontram viva nem morta) e que ele gostava de se juntar a ela. Há quem ache que ele se suicidou.
Enfim... os finais dos livros do Murakami são sempre estranhos e com imensas interpretações. Apesar de eu achar que o Toru se pode ter suicidado para ficar com a Naoko, por outro lado o livro começa com ele a sair de um comboio e a recordar a sua juventude o que me leva a um grande beco sem saida!