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sábado, 6 de julho de 2013

Norwegian Wood

Cheguei há alguns minutos ao fim do livro e depois de pensar no que li, quase me vêm as lágrimas ao olhos. Quando comecei a ler o livro não sabia o que esperar, coisa muito comum com os livros do Murakami, mas esperava que fosse semelhante aos restantes livros do autor que já conheço. Nem fazia ideia de como estava enganada.
Norwegian Wood, conta a história de Toru, Kizuki e Naoko. Kizuki e Naoko são namorados desde os tempos de infância e Toru é o melhor amigo de Kizuki. Aos 17 anos, e sem que alguma coisa o pudesse prever, Kizuki suicida-se deixando Naoko e Toru sozinhos e desamparados. De certa forma era Kizuki que os ligava ao mundo real e sem a sua presença, resolvem afastar-se de casa e de todas as pessoas conhecidas e partem em busca de um novo começo. 
Toru parte para Tóquio, ingressando na Universidade e encontra um novo amigo, Nagasawa (rico e de boas famílias, culto e com um estilo de vida muito particular). Juntos divertem-se em busca de raparigas tontas com quem passar uma ou outra noite. É frequente encontrarmos excertos em que Toru compara o seu novo amigo com o Kizuki, o seu único e verdadeiro amigo. 
Claro que Toru e Naoko voltam a encontrar-se em Tóquio e tentam reatar a amizade, no entanto não se revela uma tarefa fácil uma vez que ambos se encontram ainda fragilizados pela morte de Kizuki. E mais não revelo porque ia estragar a piada do livro.
Este é um livro particularmente triste, onde o mais frequente são os finais menos felizes. Existem também vários triângulos amorosos e curiosamente o Toru encontra-se em todos eles como se fosse uma sina, como se estivesse destinado a não encontrar o seu final feliz. Ao longo da história encontramos um Toru gradualmente mais adulto e mais determinado, mas também muito só. Chega a dar pena... Mais para o final da história ele acaba por ter que escolher entre o seu primeiro amor, a Naoko, e a sua melhor amiga, a doida da Midori (que ainda me arrancou alguns risos pelas suas ideias surreais). 
A personagem que mais gostei e também que me deixou realmente triste, foi a namorada do Nagasawa, a Hatsumi que apesar de surgir poucas vezes (sendo uma personagem secundária) revela-se uma mulher muito forte, apaixonada e que acaba por ter um final menos bom. Os restantes personagens são semelhantes a tantos outros. O Toru é um rato de biblioteca, para variar... 
Há sempre musica de fundo neste livro (mais que nos restantes que conheço), essencialmente melodias que despertam tristeza, melancolia, saudade, solidão... Deixo em baixo a música com que iniciamos a história e que é tocada tantas outras vezes ao longo do livro. É uma música realmente bonita. 
Mais uma vez fiquei encantada com a escrita do Murakami, sempre requintada e delicada. Este livro vai, sem dúvida, para a "lista" dos favoritos juntamente com "A sombra do Vento", "O Circo dos Sonhos", "1Q84", entre outros. É um livro sobre a vida e a morte, sendo que a morte não é encarada como o fim da vida, mas sim como parte dela. Tenho a certeza que me vou recordar deste livro em vários momentos da minha vida. 
Quanto ao final do livro, achei muito semelhante ao final de Sputnik, meu amor, o que me leva a pensar "será que se suicidou?" Calma, não estou a fazer spoiler! Nada leva a crer que isso acontece, mas o ultimo parágrafo do livro é muito confuso e fiquei com essa sensação. Se houver por aí alguém que já tenha lido, gostava muito de saber a opinião acerca do final!

De resto, recomendo bastante!



Ah! E não fui só eu que gostei do livro. Realmente... o Murakami e os gatos é uma coisa inexplicável...

2 comentários:

  1. Oi, Spinelli. O final para mim, representa que Toru está iniciando uma nova fase de sua vida. Ele liga para Midori para demonstrar que a ama. Ou seja, ele está disposto a esquecer Naoko e começar uma vida nova. Eu entendi assim. Um abraço.

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  2. Olá Alessandro! Primeiro que tudo obrigado pelo comentário :)
    Eu também fiquei com essa ideia, até porque seria de esperar que no final ele ficasse com a Midori. Mas o ultimo parágrafo do livro é muito estranho. Ele desliga o telefone e olha para fora da gabine e não sabe onde está, vê apenas vultos de pessoas e depois diz "Eu chamava uma e outra vez pela Midori do centro morto deste lugar que não era lugar nenhum". É estranho...
    De qualquer forma as minhas dúvidas acerca do final devem-se à comparação com o final de Sputnik, meu amor (já leste?) em que o livro também termina com uma chamada telefonia da Sumire, que estava desaparecida há meses, e ela não sabe onde está mas diz que está de volta. Diz ao K que vai descobrir onde está e já lhe volta a ligar. E é o fim... Desde o desaparecimento de Sumire que K pensa varias vezes que ela só pode ter passado para uma outra dimensão, um outro mundo (já que não a encontram viva nem morta) e que ele gostava de se juntar a ela. Há quem ache que ele se suicidou.
    Enfim... os finais dos livros do Murakami são sempre estranhos e com imensas interpretações. Apesar de eu achar que o Toru se pode ter suicidado para ficar com a Naoko, por outro lado o livro começa com ele a sair de um comboio e a recordar a sua juventude o que me leva a um grande beco sem saida!

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