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segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Maratona Agatha Christie

Lembram-se da minha maratona Agatha Christie? Infelizmente, tive que parar há cerca de um mês, mas ainda assim, consegui ler 9 livros da autora. Todos os livros foram escolhidos da série de Hercule Poirot, o famoso detective belga, que reside em Londres. O objectivo da maratona foi, em primeiro lugar, conhecer melhor a obra de Agatha Christie, bem como Poirot, e procurar algumas semelhanças entre os livros lidos, tal como já fiz com a Su há uns meses para os livros do Murakami. 

Não posso dizer que tenha ficado a conhecer a obra da escritora já que 9 livros são uma pequena parcela da vasta colecção de livros existentes, mas sempre deu para ficar com algumas ideias. 
Reparei também, há algumas semanas, num TAG que foi publicado em alguns blogs que sigo (ao qual também aderi) que Agatha Christie é um dos escritores que, por alguma razão nunca tinham lido. Achei estranho, tendo em conta a fama da sua obra, mas de certa forma percebo... Por vezes podemos que pensar que, entre tantos policiais, no fundo as histórias devem repetir-se um pouco. No fundo é mais ou menos isto, e ao mesmo tempo não é...

Ficam então alguns detalhes que achei interessantes ao ler alguns livros desta escritora.

  • Os assassinatos são quase sempre limpos. 
Na nota biográfica presente num dos livros que li, dizia que Agatha Christie tinha preferência por mortes por envenenamento, tendo uma certa repugnância pelo uso do punhal ou do revólver. Julgo que é do conhecimento comum que, num acto de suicídio, uma mulher raramente dá um tiro na cabeça ou se atira de edifício alto, porque depois fica tudo sujo de sangue. É mais comum a ingestão de comprimidos. Agatha Christie também pensava assim e, apesar de podermos encontrar alguns personagens apunhalados pelas costas ou com um tiro no peito, o mais frequente seriam as mortes por envenenamento. Aqui também há pouca variância, já que o veneno usado era quase sempre o cianeto. Outro detalhe importante nas mortes por envenenamento, é a forma como as vítimas são encontradas já mortas, referindo-se apenas um pouco de espuma na boca e pouco mais. Recordo-me apenas de um livro em que a família assiste à agonia da vítima, sendo descritos os espasmos, os ruídos e a espuma na boca da senhora. 

  • Poirot só aceita clientes da alta sociedade
Compreendo que as pessoas da alta sociedade possam estar um pouco mais sujeitas à inveja dos outros e sejam, portanto as vítimas mais prováveis. Ainda assim fez-me confusão que não houvesse pessoas de classes sociais mais modestas a recorrer aos serviços do detective. E não me parece que fosse por uma questão de pagamento, já que li alguns casos em que Poirot acaba por trabalhar gratuitamente, uma vez que o seu cliente acaba por se tornar a vítima. 

  • Actores e actrizes sem escrúpulos
Além dos personagens da alta sociedade, como barões, duquesas e afins, muitos dos clientes de Poirot são artistas de cinema, muito conhecidos na América e em Londres na época. Achei curioso que muitas vezes estes artistas são descritos como pessoas sem noção do bem e do mal, sem moral, capazes de tudo para atingir os seus fins. Recordo-me de um livro em que a cliente de Poirot era uma dessas actrizes, e que fez um grande teatro em volta da morte do seu querido marido e no final, descobre-se que ela era a assassina e que o crime foi cometido apenas porque se queria voltar a casar. 

  • Método e ordem!
As histórias de Hercule Poirot são sempre narradas por alguém que tenha acompanhado as suas investigações, o que normalmente cabe ao Capitão Hastings. Através desde personagem ficamos a conhecer os clientes do detective e os passinhos que dá para chegar à verdade, mas não temos acesso às suas células cinzentas. Temos, na verdade, as teorias e as conclusões tiradas por Hastings ao longo da investigação, que normalmente saem furadas. Muitas vezes Poirot brinca com o amigo e diz-lhe que é preciso método e ordem para descobrir a verdade. Tendo em conta que as conclusões do Poirot surgem sempre vindas sabe-se lá de onde, ainda gostava de saber qual é o método que o detective adopta. Já por varias vezes tentei eu própria descobrir o criminoso, com as pistas apresentadas no desenrolar da história, e acaba por me sair ao lado, mais ou menos como acontece ao Capitão Hastings. 

  • Ariadne Oliver
Ariadne Oliver é uma personagem que surge mais tarde nos livros de Agatha Christie. Trata-se uma escritora de livros policiais, muito amiga de Poirot, que por vezes ajuda nas suas investigações ou então vê-se envolvida em alguma cena de crime. É descrita como uma senhora de certa idade, muito alta e elegante, que se perde com facilidade nos seus pensamentos e que adora maçãs. Quanto mais vermelhas, melhor. Numa nota biográfica existente noutro livro que li, descobri que Agatha Christie também era apaixonada por maçãs. Por vezes tomava banhos de imersão enquanto saboreava maçãs vermelhas. Será esta personagem um alter-ego da escritora?

  • O cliché do mordomo

Achei engraçado que a Agatha Christie optasse por fugir a este cliché. Toda a gente sabe que quando morre alguém, a culpa é do mordomo, vai-se lá perceber porquê. Dos livros que li, em todos havia um mordomo ou uma governanta, mas nunca foram considerados culpados. No entanto, a autora gostava de brincar connosco e, por diversas vezes fez com que os mordomos fossem os principais suspeitos.  E eu a pensar "será desta??" Mas afinal não... Sentia mesmo que ela estava a brincar comigo! Já o Capitão Hastings, que se deixa muitas vezes levar pelas aparências, por clichés e pelos seus primeiros palpites, também se deixava enganar muitas vezes. 

  • Medir pegadas e colher beatas de cigarro
Outro detalhe muito engraçado, é a diferença entre Hercule Poirot e outro detective qualquer. Até o Sherlock Holmes é conhecido por recolher pegadas e todas as pistas que possam haver no local do crime. Já Poirot, analisa o local do crime, recolhe mentalmente as pistas necessárias, fala com os suspeitos, depois pões as celulazinhas cinzentas em funcionamento e no final temos a solução do crime. Num dos livros de Agatha Christie encontramos um detective francês no fundo de um buraco, enquanto cavava à procura de pistas, tal como um cão a farejar. Obviamente, Poirot não se poupa a gracinhas, neste livro. 



Tal como estes, há muitos mais pontos que seria interessante referir. No entanto, não quero começar aqui a fazer spoilers e além disso deixo a quem tiver curiosidade de ler um ou outro livro, encontrar mais algum detalhe engraçado. Queria também dizer, aos que, por algum motivo, nunca chegaram a ler nada da Agatha Christie, recomendo vivamente que a englobem nas vossas listas de escritores habituais. Os seus livros são muito bons e muito simples de ler. Os casos são-nos apresentados de tal forma que começamos mentalmente a juntar pistas e a tentar deduzir quem é o criminoso. É impossível não o fazer. 

Quanto à minha maratona, gostaria de ter oportunidade de ler mais alguns livros em 2014, mas não sei se vou ter oportunidade. Vamos ver o que acontece...




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