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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Irmã de Freud

Mais um terminado há instantes! Começo a achar que devo ter algum "problema" com o Freud, já que mais uma vez acabei por ficar dividida e com alguma dificuldade em formular uma opinião. 

O livro foi emprestado pela Su e já estava há meses a aguardar vez. Já era uma vergonha, então decidi que desta não passava e resolvi pegar-lhe. Ainda pensei duas vezes porque tinha acabado de ler O Diário da Madrasta, que também faz referência a Freud, e poderia ser "Freud a mais". Mas ainda bem que não mudei de ideias pois as teorias freudianas que eram tratadas no livro anterior, foram novamente referidas aqui, como parte da história, referindo situações da vida de Freud que terão contribuído para o desenvolvimento das mesmas. Tornou-se mais interessante. 

A história é relatada pela sua irmã Adolfine, que conhecemos já na  velhice, em plena segunda guerra mundial, e que nos conta os eventos que a levam a ela e às suas irmãs para o campo de concentração onde acabariam por encontrar a morte. Tudo isto nos primeiros parágrafos. Logo aqui fiquei a odiar o Freud, que não fez absolutamente nada para que as irmãs pudessem sair da Áustria, enquanto ajudou a família de alguns amigos a fazê-lo. Porquê, Freud? Explica-me lá, porque eu não cheguei a perceber. Fiquei com a ideia que ele pudesse não ser muito chegado às irmãs e talvez fosse essa a explicação. Mas depois vi que estava errada.

Após os momentos passados no campo de concentração, Adolfine recorda toda a sua vida. Desde os tempos de infância, em que tinha uma saúde fraca e dependia da sua mãe. Percebi que até poderia não haver uma grande ligação entre Freud e as restantes irmãs, mas com Adolfine era diferente. Mais do que um irmão mais velho, era como um mentor que a ensinava a ler e lhe dava carinho às escondidas da mãe (que gozava com qualquer tipo de demonstração de amor). Ao longo da história percebe-se que a mãe era uma mulher muito amarga e fria e que só tinha olhos para o seu "Siggie de ouro". 

O livro é baseado em factos reais, e eu gostei muito. A Adolfine tem uma vida difícil, uma história de amor muito triste e uma amargura enorme por nunca ter tido um filho. Só não gostei da palha que tem pelo meio. Algures pelo meio da história, a Adolfine passa alguns anos numa instituição de psiquiatria e para além de não haver grandes desenvolvimentos na história, há uma data de citações e relatos sobre os restantes pacientes da instituição. Fiquei com a sensação que aquilo estava ali só para fazer peso e, apesar das citações serem interessantes, perdi a paciência e passei umas quantas páginas à frente. Era isso ou largar o livro!

Houve algumas passagens que me deixaram a matutar, mesmo quando não estava a ler. Por exemplo a seguinte frase:

"As pessoas lutam pela felicidade, querem tornar-se felizes e assim continuarem. E aqueles que mais se atormentam com essas questões relativas ao sentido da vida são aqueles que, no seu anseio pela felicidade, menos bem-sucedidos foram na sua obtenção"

Não é nada de extraordinário mas lembrei-me de algumas pessoas que passam a vida a queixar-se que não são felizes porque vem alguma coisa ou alguém que destrói tudo. E os outros são maus porque não são felizes e fazem tudo para destruir a felicidade dos outros e blá blá blá... Sim, toda a gente tem uma amiga que passa a vida no Facebook a lamentar-se! Eu acho que para termos momentos de felicidade, há que ter momentos maus. Caso contrário não daríamos valor aos bons momentos. É por isso que a felicidade é tão preciosa. Mas isso de viver feliz para sempre é um grande mito, ou uma grande ilusão. Assim também não teria piada viver.

Outra coisa que dei por mim a pensar: a morte! Fiquei com a sensação que antigamente, na viragem do século, a morte era encarada de uma forma diferente. Pareceu-me que as pessoas a aceitavam de uma forma mais consciente. Nem me sei explicar bem... Talvez pelo facto de uma simples febre poder matar qualquer um, ou pelas pandemias que ainda não teriam cura, ou mesmo pela guerra que estava tão presente. Acho que hoje estamos um pouco mais inconscientes em relação à morte e com o avanço da ciência esquecemo-nos que ela pode aparecer a qualquer momento. 

Bem, já me estou a alongar demasiado com filosofias baratas! Em suma, recomendo o livro. Aprende-se muito sobre a época e sobre a origem das teorias de Freud. Em relação à palha que referi acima, se não conseguirem façam como eu, mas não deixem de ler por isso!

Desculpem lá o post gigante e as minhas divagações habituais :)

Boas leituras!

2 comentários:

  1. Boa opinião ;D pois é, tiveste uma boa dose de Freud! É um livro bem recomendável, não é? Mesmo triste, fala de muitos temas e acho que nos deixa a pensar um bocadinho. E mostra outra faceta de Freud. Acho engraçado a melhor amiga dela ser irmã de outro famoso, o pintor Gustav Klimt, e tb sofrer um bocadinho...

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  2. Um bocadinho? E adorei a Klara, com aquela garra femininista. Mas coitada, nasceu demasiado cedo e sofreu por lutar no que acreditava.

    E o namorado da Adolfine, esqueci-me de referir, mas fiquei com ideia que ele era masoquista. Mesmo o Freud diz que ninguém o pode ajudar porque ele gosta do seu sofrimento. Seria alguma relação deste género que ele mantém com a rapariga estranha que entra na história do nada?

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