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segunda-feira, 2 de junho de 2014

After Dark - Os Passageiros da Noite

Foi com After Dark, de Haruki Murakami, que voltei a reencontrar o gosto pela leitura, depois de algum tempo de pausa. Escolhi-o essencialmente porque queria um livro pequeno e de preferência, de um autor que não me desiludisse. E de certa forma até foi uma boa escolha, já que, ainda que devagarinho, lá cheguei ao fim. Por outro lado, esperava mais do Murakami. 

Não é que o livro não seja bom, e já se sabe que do Murakami podemos sempre esperar coisas estranhas e sem sentido. Mas normalmente acabamos o livro com uma ideia do que se pode estar a passar na história, uma teoria que explique pelo menos algumas das coisas estranhas que são relatadas. 

Neste livro ficamos a conhecer Mari, uma rapariga meio Maria-rapaz, que se encontra sozinha num café a ler um livro enorme, que (Spoiler alert!) nunca chegamos a saber qual é. Ainda se faz algum mistério em volta do livro, mas  nunca se chega a saber o que a rapariga está a ler. Sabemos, no entanto, que Mari se prepara para passar a noite toda sozinha, sem ter que ir a casa e sem que a sua família descubra a sua ausência. Entretanto é abordada por um rapaz de aspecto estranho, que se auto-convida a sentar-se na mesma mesa e lhe explica que é amigo da sua irmã mais velha, Eri. A partir daqui, digo-vos que muita coisa acontece. Não vou entrar em mais detalhes da história, porque acontece mesmo muita coisa pelo meio, ao longo da madrugada. Surgem vários personagens, alguns bem estranhos, alguns mafiosos, todos com uma história que de certa forma acaba por ficar mal explicada. Mas pronto, já se sabe como é.

No entanto há uma coisa que tenho mesmo que relatar, e que gostava realmente de ter percebido no final do livro. A irmã de Mari é referida várias vezes ao longo da história e percebemos que se encontra a dormir, muito profundamente e que não quer acordar. Alguns capítulos do livro dedicam-se a descrever o sono profundo e sereno de Eri, como se fossemos um observador que na verdade não está lá. Somos apenas um ponto de vista. Eu só não percebo porque é que em todos os livros do Murakami há uma mulher que, basicamente, não joga com o baralho todo e a quem acontece coisas que não lembram a ninguém... 

Não posso deixar de me lembrar da Naoko, da Sumire e da Fuka-Eri, todas elas com a sua dose de estranhesa... E agora reparo: Fuka-Eri em 1Q84, Eri em After Dark... Às vezes penso que estas coincidências, assim como as semelhanças entre outros personagens ou mesmo alguns acontecimentos nos diversos livros, são mais importantes do que o autor quer fazer crer. Por vezes tenho a sensação que ele nos anda a contar a mesma história de formas diferentes, como se fosse uma espécie de código. Mas pronto, são divagações minhas... Quem já leu, o que achou? 

Seja como for, não deixei de apreciar o livro, mas confesso que não foi dos meus favoritos deste escritor. Ainda aqui tenho na estante mais dois livros dele para ler. 

Para já, resta-me escolher o livro que se vai seguir =)

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