Uma aventura no Miradouro...

Hoje, domingo, acordei relativamente cedo e pronta a calçar os ténis e ir fazer mais uma caminhada por aí. Acontece que quando cheguei à janela e vi a ventania que havia lá fora, perdi a motivação quase toda. Estava um dia de sol lindo e uma ventania vinda sabe-se lá de onde. Não é por nada, mas da última vez que fui caminhar assim, passei o caminho a vestir o casaco e a despir o casaco e no fim ainda ganhei uma constipação... Resultado: fiquei-me pela bicicleta!

Ao início da tarde comecei a sentir-me mal por estar um dia de sol tão bonito e eu aqui fechada em casa a ver séries no computador. Peguei no livro do Murakami, que já estava quase no fim, meti-me no carro e parei num miradouro (de que eu até costumo gostar muito - já lá vamos) aqui na minha terrinha. Abri os vidros para deixar circular o ar, parei o carro à sombra de uma árvore e recostei-me no banco a disfrutar do livro. Convém dizer que o miradouro situa-se no campo, onde quase não aparece ninguém. Mas nestes dias sempre aparecem turistas a apreciar a paisagem, que vai desde os terrenos envoltos a Castelo de Vide, até à cadeia montanhosa da Serra da Estrela. É de facto uma paisagem muito bonita.

Hoje não foi excepção. Quando lá cheguei já lá estava uma carrinha estacionada e um carro ao lado, mas sem sinal de haver por ali gente. Provavelmente pertenciam a alguém que andava por alí a caminhar. Ainda lá apareceu um casal de estrangeiros que ficaram por alí um bocado a ver as vistas. E depois veio aquilo que me fez querer fugir e nunca mais lá voltar:  um carro com um senhor e duas senhoras aí dos seus 60's, mais coisa menos coisa... 

Pararam o carro mesmo ao fundo da fila de carros estacionados. Ou seja, estava o meu carro, ao lado estava a árvore, depois estava a tal carrinha e ao lado o outro carro que já lá estavam e por fim, o carro dos senhores. Logo para começar o homem saiu do carro e veio mudar a água às azeitonas mesmo ao lado da carrinha (sim, ao pé de mim praticamente). Deixei-me estar quieta e sem tirar os olhos do meu rico livro (juro que senti a cara a corar!). Depois uma das senhoras contornou o meu carro para entrar no miradouro e gritou uma data de vezes "anda cá ver isto!", ao que a outra senhora gritou igualmente uma data de vezes "já vou, tou a mijar!". E eu a pensar "oh, meu deus..."

Do sítio onde estava não conseguia avistar a senhora que estava a "mijar", felizmente! Mas foi então que aconteceu... Ouvi um peido, enorme, daqueles que demoram bué tempo a sair... E quando eu pensava que já estava suficientemente chocada, eis que se escapa um segundo peido, igualmente enorme... 

Eu devia ter-me ido logo embora, mas fiquei tão envergonhada com a situação que limitei-me a fechar os vidros e a ligar o rádio. Abdiquei do vento a bater-me na tola (que estava a saber-me tão bem), mas voltei a ganhar o meu refúgio. Eu peço desculpa estar a partilhar este tipo de coisas, mas eu tinha que contar isto a alguém! Depois disto, os senhores foram passear para o miradouro e não os voltei a ver (nem a ouvir!) até que terminei a leitura e me vim embora... Tenho pena porque este é um sitio para onde eu vou muitas vezes, quando quero estar sozinha ou simplesmente quando me apetece respirar ar puro. Acho que da próxima vez que me apetecer lá ir, tenho que pensar muito bem no assunto...

Com isto tudo, terminei de ler o After Dark, do Murakami, Mas ainda não me sinto preparada para escrever uma opinião. Não foi um livro fácil de interpretar, por isso vou deixá-lo a marinar na minha memória e depois escrevo alguma coisa sobre ele.

Entretanto deixo-vos uma foto da vista que tinha à minha frente no miradouro, antes de ser arruinada (possivelmente, para sempre!):