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sábado, 19 de julho de 2014

Aspectos Geológicos do Sinclinal de Castelo de Vide

Hoje abdiquei da minha horinha extra de sono, reservada religiosamente para as manhãs de sábado, e fui passear com a Quercus de Portalegre, pela zona de Castelo de Vide e um pouco de Marvão. A minha mãe ficou a olhar para mim, muito admirada por me ver a pé tão cedo e quase de certeza que pensou que me tinha enganado no dia e me ia preparar para ir trabalhar. Mais tarde, quando me viu com roupa prática, perguntou-me se ia caminhar. Disse-lhe apenas que não. Deve ter ficado mesmo à nora... O mais engraçado é que o meu colega me descreveu uma cena semelhante com a mãe dele.

O objectivo do passeio seria explicar, de uma forma simplificada e clara a qualquer tipo de público, o complexo geológico que temos na nossa região. Como este é um tema que temos vindo a desenvolver ao longo do estágio, fui com mais dois colegas de trabalho, um deles também geólogo e o outro com experiência da área da arqueologia.

O grupo contava com 12 pessoas, entre as quais 5 eram residentes em Castelo de Vide. Confesso que fiquei surpreendida com a aderência à actividade, tendo em conta que não foi muito divulgada. Para mim, e para o meu colega, fomos com vontade de aprender algo novo e esclarecer algumas dúvidas que nos têm surgido durante o estágio, mas claro que a zona já não nos é totalmente desconhecida e achávamos pouco provável aprender mais alguma coisa. Em contra partida já estávamos a pensar nas fotografias fantásticas que íamos trazer. 

No entanto, o São Pedro não deu tréguas nem por um bocadinho. Logo de manhã já estava tudo nublado em Castelo de Vide e assim que chegámos à Escusa, onde fomos ver as antigas caleiras, começou a chover e já não parou mais. Não que isto me incomode, pois todas as saídas de campo que tive durante o curso (incluindo uma a Marvão e Castelo de Vide) foram todas feitas à chuva. Peniche, Almada, Cascais, Estremoz.... Podia estar sol a semana toda, mas quando chegava o dia da saída o céu aparecia cinzento e já sabíamos que iríamos passar o tempo todo encharcados. Ironia do destino, cinco anos depois de ter vindo às Caleiras da Escusa com a minha turma, e de nos termos abrigado debaixo da arriba fóssil, hoje tive que fazer exactamente o mesmo. 

Não posso dizer que não tenha aprendido nada de novo com este passeio, mesmo que a maior parte da informação já a saiba quase de cor. Não sabia, por exemplo, que existem 19 fornos de cal na Escusa. Nunca pensei que fossem tantos... Também não sabia que a cal demorava 2 dias a cozer. Ainda aproveitámos para perguntar à professora se existem realmente cruzianas (registo fossilizado da passagem de trilobites), pois há referência da sua existência na carta geológica, mas nunca encontrámos in situ. Já tínhamos visto marcas em diversas rochas que se assemelhavam à forma de cruzianas, ainda que um pouco deformadas. Fiquei muito contente quando mostrámos uma dessas marcas à professora e ela confirmou que de facto era uma cruziana alterada, e era a mesma marca que eu própria encontrei há alguns meses, fotografei e levei para o trabalho para discutir o assunto com o meu colega. 

Mas chega de paleio! Deixo-vos as (poucas) fotos que tirei:

Forno de Cal, Escusa




Conseguem ver a chuva?

Um pouco da Serra de S. Mamede, coberta pelo nevoeiro

Fonte da Ermida da Senhora da Penha, Castelo de Vide


A paisagem totalmente coberta pelo nevoeiro. Normalmente, deste local conseguimos avistar Marvão ao fundo.

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