A Filha do Capitão

É caso para dizer: finalmente!

Não me interpretem mal, eu adorei o livro, mas custou-me bastante a ler, em particular as cenas passadas nas trincheiras. Eram cenas muito importantes para o desenrolar da narrativa e não conseguiria perdoar o autor se não se tivesse dedicado com afinco a esta parte da história. De outra forma não teríamos, com certeza, esta obra tão completa, mas ainda assim houve momentos que custaram a desenvolver. 

De certa forma, apesar de se tratar de um romance entre Afonso e Agnés, fiquei com a sensação que o que o autor pretendia descrever como acção principal da história era a guerra e a forma como esta afectou a vida dos personagens. O tema da 1ª Guerra Mundial deixou-me muito interessada na leitura pois sabia pouco a este respeito, e o pouco que sabia aprendi com os livros de história da escola. Lembro-me vagamente de ter ouvido falar da guerra das trincheiras, que se arrastou por vários anos e que os homens viviam em condições precárias, em particular os portugueses que poucas condições tinham para se manter na guerra e poucos apoios receberam de Portugal. Ler este livro foi melhor que qualquer aula de história. E olhem que a professora que tive no 9º ano, altura em que se fala das duas guerras mundiais, era excelente. Ela falava tão bem, que conseguia manter-nos atentos e interessados ao que dizia, ainda que o tema fosse história. Foi o primeiro ano que gostei verdadeiramente de história, só pelo carisma da professora. 

Não imagino o trabalho de pesquisa que terá estado na base deste livro, mas dou os meus parabéns ao autor por todos os detalhes da época que conseguiu incluir a narrativa, tornando-a tão real. Desde placas com erros ortográficos que existiram de facto, a pormenores de moda, feiras, tecnologia da época, a descrição da sociedade, tudo... 

Também não tinha noção, ou já não me recordava, das oscilações governamentais que Portugal sofreu no inicio do século XX e que acabou por resultar no abandono das tropas portuguesas à sua (pouca) sorte durante a guerra. Um exemplo disso foi a falta de rotatividade das tropas portuguesas que acabaram por aguentar mais de um ano na frente de combate, enquanto que as tropas aliadas e inimigas eram substituídas após alguns meses nas trincheiras. 

À parte da guerra, a história foi embelezada pelo romance entre o Capitão Brandão e a sua francesa, Agnés. Começamos por conhecer as personagens desde os tempos de infância e até ao momento em que se encontram, já durante a guerra. Adorei a forma como a história dos dois se desenrolou mas detestei o final.  Estava a contar com um final bem diferente. Não vou fazer spoiler, claro. Só tenho a dizer que a dona Isilda era uma grande bruxa e, tal como Afonso desabafa quase no final da história, também eu espero que tenha ardido no inferno. 

Acabei por cotar o livro no Goodreads com 4 estrelas, não por não ter gostado do livro mas só por me ter custado um pouco a ler em alguns momentos. Mas recomendo a leitura. Para quem esteja interessado em adquirir o livro mas não tenha vontade de dar 25 euros por ele, posso dizer-vos que vi uma nova edição no Continente há uns dias que estava a 14 euros. O livro tinha metade do volume e a capa era um pouco diferente, procurem por lá.