O Cântico dos Mendini

O Cântico dos Mendini é o terceiro livro da trilogia As Promessas do Dr. Sigmundus, e levou-me numa viagem por mundos ocultos e paisagens surreais, como se estivesse dentro de um sonho. Por vezes, até mesmo um pesadelo. As descrições do mundo Odílico, bem como os personagens estranhos que por lá surgiam, assemelhavam-se a um limbo, em que ninguém está em paz e as criaturas demoníacas se alimentam do medo e dos pecados de cada um. 

Neste último capitulo encontramos Bea e Dante separados (de certa forma), mas lutando contra um mesmo inimigo, Orobas, que sendo oriundo do mundo Odílico, tenta construir uma ponte entre os dois mundos. Agora que penso nisso, nem sei bem para quê... Talvez por querer dominar o mundo, não é isso que os maus querem sempre? Mas pelo que percebi ao longo da trilogia, Orobas, está constantemente com fome de poder. Ele mesmo admite que nunca está satisfeito e que quer sempre mais. Os humanos, controlados pela Ícor, não são mais do que meros escravos, que manipula a seu bel-prazer. 

O desenrolar dos primeiros dois livros, levou-me a crer que era Dante o típico herói da história, que acabaria por derrotar Orobas e acabar com o controlo da Ícor. Sempre pensei que a Bea não era mais do que uma parceira de aventuras e, possivelmente, o seu par romântico. Mas parece que me enganei... Claro que Dante continua a desempenhar um papel activo, mas subitamente tudo parece girar em torno de Bea e no final, será ela que terá o papel determinante. O próprio Cântico dos Mendini, um poema muito conhecido que terá sido escrito pela pai de Dante, parece uma profecia ao futuro de Bea. Nem sei bem porque o autor terá decidido dar mais importância à rapariga no final da história. Não sei se terá sido para não se tornar previsível, com o Dante e a Bea aos beijinhos no final. Mas a sensação com que fiquei no final do livro, bem como um pouco ao longo da história, é que aconteceu tudo muito depressa. Ficaram algumas pontas soltas, em relação ao que poderá ter acontecido a algumas personagens secundárias. E mesmo o desfecho poderia ter sido mais elaborado. Percebe-se a ideia, é verdade, mas parece que o senhor chegou às 150 páginas e quis despachar o assunto. 

Não sei se será pela falta de experiência do autor, ou se seria mesmo esta a sua intenção, mas fico com pena que a história não tenha sido mais bem trabalhada e desenvolvida. Talvez um pouco mais descritiva em alguns momentos que tinham todo o potencial para isso. Só por isto, dei uma classificação de 3 estrelas no Goodreads, em vez das 4 que dei no livros anteriores. Estava a contar que a escrita evoluísse ao longo da trilogia, mas isso não aconteceu. Ainda assim, acho que é uma boa história e que merece um tempinho da nossa atenção.