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terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Filipa

Quando era mais nova, dava comigo por diversas vezes a tentar adivinhar o nome de alguém, olhando para a sua cara. Pensava "hum... tem cara de..." e assim ia conhecendo algumas caras desconhecidas. Claro que nunca se deu o caso de acertar realmente no nome de alguém, e isto também dificultava quando me queria lembrar dos nomes verdadeiros das pessoas. E agora devem estar a pensar que este é um hábito um bocadinho estranho, mas tudo tem a sua explicação!

Tudo começou comigo. Sim, comigo. Quando era pequena, andava sempre acompanhada por duas amigas: a Patrícia e a Filipa. Crescemos e brincámos muito juntas, pois apesar de termos a mesma idade, o mesmo segundo nome e a mesma turma, a Patrícia estava muitas vezes no café dos avós, perto da minha casa, e a Filipa ia muitas vezes à fábrica da Vitalis buscar a mãe, tal como eu, quando as nossas mães lá trabalhavam. Mais tarde, quando fomos para a primária e conhecemos a Ana, que passou a ser a nova aquisição do grupo, lá andávamos as quatro juntas. Sendo assim, não era de estranhar quando alguém se enganava e me chamava Filipa. Já nessa altura pensava que me estavam a confundir com a minha amiga. Isto acontecia muitas vezes com os professores novos, no início do ano. Mas não deixava de ser estranho. A Filipa usava óculos, eu não. A Filipa tinha cabelo comprido, eu não. A Filipa era mais baixinha e magrinha, eu não. Não havia comparação possível, não éramos parecidas e ponto final! 

Quando fui para o secundário, este fenómeno continuou a acontecer. Só que desta vez a Filipa não estava por perto para nos poderem confundir. Seguimos escolas diferentes e só nos cruzávamos no autocarro de manhã e de tarde, quando nos juntávamos as quatro e púnhamos a conversa em dia. E assim lá acabei por me convencer que devo ter cara de Filipa. Era a única explicação possível. Sem a Filipa por perto a toda a hora, não havia forma de me confundirem com ela. Confesso que nunca gostei muito disto, em boa parte porque nem gosto do nome. Não me podiam achar com cara de uma coisa mais engraçadita? E o meu nome, que até é bem bonito? 

Aos 18 anos, entrei na Universidade e deu-se um novo fenómeno: aboliram o meu nome por completo e passaram a tratar-me apenas pelo meu apelido. Ao inicio não achei piada nenhuma e lá ia batendo o pé, mas era escusado... O que começou como uma brincadeira entre os meus colegas de curso, alastrou de tal forma que ao fim do primeiro ano já quase todos os professores me tratavam pelo meu apelido e o mesmo aconteceu com os meus colegas de trabalho do call center e respectivos supervisores, Até o chefe, me tratava pelo meu apelido quando tinha oportunidade. Logo eu, que até gosto do meu nome, passei 6 anos sem que ninguém me tratasse por Sofia. Com o tempo lá acabei por me habituar. Foi um bocadinho como a teoria da Coca-Cola: primeiro estranha-se e depois entranha-se. 

Um dia, aconteceu a situação mais estranha de todas! Ora todos sabem que trabalhar num call center implica atender telefones e isso também implica que não se vejam caras, quer dos assistentes, quer dos clientes. Pois bem! Um dia, estava a atender um cliente e era um daqueles senhores simpáticos, e bem educado e como tal, tratava-me pelo meu nome. Acreditem, normalmente tratam-nos como se fossemos menos que nada, e por isso mesmo este senhor revelou-se uma boa surpresa. Só que o senhor enganou-se no meu nome e logo no inicio da chamada perguntou-me "Como disse que se chamava? Filipa, não era?" A sério??? Nem assim? Fiquei tão aparvalhada que lhe disse que sim e assim continuei o resto da chamada. Durante o atendimento ainda tentei perceber como é que o homem achou que eu me chamava Filipa. Não foi pela sonoridade, de certeza, porque os nomes nem são parecidos. Ainda brinquei com o assunto e imaginei-me a fazer alguma asneira durante a chamada e depois o senhor iria fazer queixa da Filipa. Não deixava de ter a sua piada!

Passei anos a convencer-me que as pessoas me confundiam com a minha amiga. Mais tarde, percebi que devia ser a minha cara, que aparentemente tem Filipa escrito na testa. Ok, tudo fazia sentido. E naquele dia acabou-se a lógica da batata. Não me vão dizer que tenho voz de Filipa, não é? Já é muito estranho.... 

Na semana passada, enquanto me despedia da Isabel ela baralhou-se e deixou escapar a "Filipa". Pronto, tive que me rir... Nunca fez tanto sentido dizer: Story of my life!

4 comentários:

  1. Olá Filipa (agora por escrito, nunca antes ninguém o fez :D )

    Bolas que situação quer queiras quer não estarás sempre associada a um nome que não é o teu eheheh...nem a Isabel escapou :D

    PS: Gostei do novo visual do blog ;)

    Bjs

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    1. Olha, por acaso, por escrito és o primeiro!

      É mesmo caso para dizer Bolas! É que até se podiam enganar e ir-me chamando coisas diferentes, mas não! É sempre Filipa. Ate fico contente quando me chamam outra coisa qualquer, começo logo a rir-me.

      Ps: ainda bem que gostaste. Não vais mudar o visual do teu?

      bjnhos

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  2. Olá Raquel (pronto satisfeito o teu protesto :D )

    Mas não deixa de ser uma situação caricata eheheh

    Não estou nessa, mas nunca se sabe ;)

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    1. Bem, já é diferente... Mas até parece estranho.

      Eu normalmente ponho sempre algum efeito natalicio. No ano passado pus aquele efeito de neve a cair. Este ano, mudei o fundo. Quando quiser voltar para o antigo é que vai ser giro...

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