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sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Dias muito complicados...

Esta semana andei desaparecida, não só do mundo virtual, mas da vida em geral. Não, não estou a exagerar! Foi mesmo isto que aconteceu. Passei a semana em modo zombie e a implorar para que se desse algum milagre...

Passo a explicar:

Como sabem, pois já o disse por aqui diversas vezes, eu estou desempregada e felizmente ainda tenho direito a receber subsídio por mais uns meses. Mas claro que uma pessoa não se pode encostar à espera que ele acabe. O melhor é nunca o deixar chegar ao fim e tentar arranjar alguma coisa, entretanto. Na semana passada fui contactada por um hotel de cá pois precisavam de alguém para ajudar no serviço de restaurante por estes dias. O hotel é o mesmo onde o meu namorado trabalha, daí o tachinho. A ideia era eu ir à experiência, para me ambientar ao trabalho e ver se gostava, para mais tarde me chamarem, a contrato. Ou seja, fui em modo voluntária.

Esta semana houve por cá um torneio de futebol feminino, em que as miúdas deviam ter entre os 10 e os 15 anos. Recebemos um total de 7 equipas, mais a equipa médica e o pessoal da organização, num total de cerca de 150 pessoas. A minha tarefa, como funcionária do restaurante, seria servir o pequeno almoço, almoço e jantar, num total de carga horária de 12h diárias - a loucura! Pode parecer que não, mas para quem nunca fez tal trabalho, 12h diárias são um pesadelo!! Felizmente era tudo em regime de buffet, o que já nos facilitou em muito a vida.

O dia começou sempre um pouco antes das 6h da manhã, para entrar ao serviço antes das 7h. Ao chegar ao hotel, juntamente com mais 2 colegas, preparávamos o buffet do pequeno-almoço. Desde colocar café, leite e sumos nas respectivas máquinas, verificar o stock de cereais, arranjar as cestas com 3 variedades de pão, cortar queijo e fiambre entre outras coisas. À medida que as pessoas iam comendo, levantávamos a loiça suja, limpávamos as mesas e voltávamos a colocar toalhetes de papel e talheres para mais pessoas se sentarem. Tudo isto sempre com um olhinho no buffet para repor a comida que fosse chegando ao fim e ainda dando um saltinho à zona do bar para servir cafés. Parece fácil, mas não se iludam... Com o final do pequeno-almoço, começava a preparação das mesas para o almoço e pelo meio era necessário limpar talheres e copos acabados de lavar, para não ficarem com manchas de água. São mariquices, mas que contam muito na apresentação do restaurante. 

Ao meio-dia começava a loucura dos almoços. Novamente, a rotina repetia-se. As equipas iam chegando a seu tempo e serviam os pratos na bancada do buffet, pelo que nós íamos circulando pelas mesas a apanhar os pratos vazios que surgiam e dávamos um olho ao buffet para repor as travessas gigantes de comida. As mesas do restaurante estavam marcadas (se não me engano eram duas mesas por equipa) e a parte boa é que quando alguma mesa vagasse, seria limpa e ficava logo posta para o jantar. Depois de almoço, vinha novamente a saga dos copos e talheres - um inferno! 

Ao jantar corria tudo mais ou menos como ao almoço, por isso não tenho muito a acrescentar. O que me dificultou realmente a vida foi a farda, mais particularmente os sapatos! Dava tudo para ter usado ténis ou alguma coisa com uma sola decente, mas tive que usar sabrinas pretas, por se adequarem mais ao resto da farda. O problema é que as solas das sabrinas são super finas e eu fiquei com dores nos pés desde o primeiro dia, que se agravaram no segundo e se mantiveram o resto do tempo. Os meus pulsos também sofreram um bocado e de cada vez que carregava com pesos tinha uma dor na omoplata esquerda que me fazia ficar sem ar, mas tudo isto se suportava na boa, não estivessem os meus pés a matar-me aos poucos. Podia enlouquecer com esta dor constante que ao fim do dia me impedia de andar direita e, não querendo parecer exagerada, de andar mesmo! Para mais, as horas que conseguia dormir de noite nunca foram suficientes para que eu sentisse que tinha descansado alguma coisa - deitava-me tarde, acordava cedíssimo - e todas as manhãs sentia os músculos das pernas como se estivessem a repuxar... Nem as minhas pantufas fofinhas ajudavam a que a tarefa de pousar os pés no chão fosse algo minimamente confortável. Nunca pensei algum dia sentir tantas dores nos pés, e que isso me afectasse como aconteceu por estes dias. 

Mas, curiosamente, não posso dizer que tenha odiado o trabalho. É verdade que sempre fugi de trabalhos deste género, mas já que a oportunidade surgiu, pelo menos fui experimentar. E até gostei. O ambiente entre os colegas foi porreiro - não fui a única a sofrer com dores mas sempre deu para irmos brincando com o assunto, dentro do possível. Eu era a única novata e posso dizer que me ajudaram sempre que precisei, nem que fosse para me dizer onde se guardavam os caços da sopa. Tive alguma vergonha de lidar com o público nos primeiros dias, e aquela ronda pelas mesas à procura de pratos vazios assustava-me um pouco e acabei por me centrar mais na reposição da comida na bancada do buffet. Mas acho que com os dias este medo foi passando. Mais uns dias e acho que já não me fazia confusão. 

Hoje já fiquei por casa, e dei-me ao luxo de dormir até mais tarde e descansar bem os pés. Ando com um pé elástico e de cada vez que tenho que me levantar de algum lado, os músculos das pernas custam a esticar. É horrível! Mas cheguei ao fim com uma certa sensação de orgulho por ter aguentado as dores e ter dado o meu melhor todos os dias. Muitas vezes custou e só conseguia arrastar com os pés. Não imaginam a quantidade de vezes que entrei e saí da cozinha, sempre com loiça ou comida nas mãos, ao longo de 12 horas de trabalho. No final ainda levei um elogio do chefe de que não estava nada  à espera, mas que soube bem e me fez ganhar o dia. Disse-me que nunca pensou que me desenrascasse tão bem nos primeiros dias, ainda para mais nunca tendo feito este tipo de trabalho. Claro que há muita coisa que precisa de ser melhorada, mas ninguém nasce ensinado, e em geral gostou do meu desempenho. No final perguntou-me se estaria interessada em voltar, mais tarde quando estivessem a contratar, para um horário normal de 8 horas, claro, e eu disse-lhe que sim. Ele viu perfeitamente o quanto me custou estes dias, mas a verdade é que gostei da experiência. E mesmo que não me chamem, bem, valeu isso mesmo, a experiência. Tenho que pensar seriamente em comprar uns sapatos ortopédicos ou algo do género!

Quanto a leituras, como devem calcular, não peguei em nenhum livro, nem para o desafio, nem para a parceria com a Bizâncio. Hoje também não o fiz, pois quero aproveitar para descansar. Amanhã já voltará tudo ao ritmo normal. Tenho muitos blogues para visitar e comentar, muitos emails para ver, muitas notificações no Facebook, mas hoje é dia de descanso. Fica para amanhã!

12 comentários:

  1. Olá.

    Olha que belo post, já sabia que andavas nessa lufa lufa mas sem duvida que gostei muito o teres partilhado esta experiência, que acima de tudo foi uma bela lição e acabou por ser gratificante, quem sabe se não abriste uma porta ;)

    As melhoras para os teus pés eheheh e quanto ao passares pelo teu blog, estás proibida de passar pelo meu enquanto não estiveres totalmente restabelecida, namora que é o que faz bem eheheh

    Bjs

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    1. Olá!!

      Parece que não falo contigo há semanas... Caramba... Foi uma semana louca, sem dúvida, mas ao mesmo tempo positiva. Também acho que abri uma porta, mesmo que não seja para este sítio - há sempre a hipótese de não me chamarem - mas já me sinto mais confiante em procurar trabalho nesta área.

      Os meus pés agradecem as melhoras :) Ter ficado por casa hoje ajudou e já sinto melhoras. Tenho que passar pelo teu blogue, sim. Aposto que já lá tens imensas novidades e eu ando a leste sem saber o que se passa no mundo literário - e no resto do mundo em geral lol. Aos poucos vou recuperar.

      beijinhos!

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  2. Estou tão orgulhosa de ti Sofia!!! :P

    Agora mais séria, quando abri o texto assustei-me mas tu fazes estes relatos de um jeito tão cativante que li tudo até ao fim.
    Eu trabalho num restaurante, mas só de vez em quando tenho de trabalhar a esse ritmo. Na verdade nem sei como me daria a trabalhar num hotel, todo o dia de farda e sapatinhos, 12 h sem parar. Nós servimos baptizados, casamentos, ect., e não gosto nada de andar todo o dia aprumadinha dessa forma. Como eu te entendo!!
    Quanto às mariquices do talher e dos copos tem mesmo de ser assim, também não gosto de ver a loiça manchada e convêm mesmo polis os talheres. Com os copos tenho um truque, assim que saem da máquina viro com a boca para cima e secam num instante, sem manchas. Mas eu tenho tempo para isso, não sei se ajuda no teu caso :)

    Desejo-te as melhoras e que consigas voltar a trabalhar! Boa sorte e se voltares, passa aqui e faz um relato divertido sobre tipos de clientes, sem ferir claro :p

    beijinho

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    1. Olá Cátia!

      Eu sei que quando começo a escrever distraio-me e quando noto já escrevi um testamento!! Mas ainda bem que consigo cativar à mesma.

      Pelo que percebi também é muito raro o restaurante do hotel trabalhar a este ritmo. É nesta altura e em setembro, quando recebem a universidade de verão do psd. De resto, grande parte do ano o restaurante encerra e serve apenas os buffets de pequeno almoço aos hóspedes e algum jantar maior que marquem com antecedência. Mesmo assim aposto que em batizados e casamentos também deve ser uma correria!

      São mariquices, mas no atendimento ao publico percebe-se. Os talheres ficam logo com outro aspecto quando estão limpos. Os copos não posso fazer nada porque há uma rapariga encarregue só de por a loiça suja na máquina e a ir pondo numa bancada para nós arrumármos. Ela mete logo os copos virados para baixo, em bandejas. Mas por acaso não me custava tanto a limpar os copos - os talheres são mais aborrecidos - e quando ficavam lá muito tempo na bancada à espera que os arrumássemos acabavam por secar e também não ficavam com manchas. Era só passar o pano e ficava bom.

      Já agora, que sapatos costumas usar no teu trabalho? Alguma coisa especial? No primeiro dia andei com os meus sapatos do traje académico, que têm um bocadinho de salto mas são confortáveis. Mas no segundo dia os meus pés incharam e tive que andar de sabrinas o resto do tempo. Já me lembrei de comprar uns ortopédicos mas dever sair caríssimos...

      Obrigado Cátia, felizmente já não me sinto com tantas dores - o pé elástico faz milagres.E sim, se voltar tenho que ir relatando as situações mais caricatas :)

      beijinhos

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  3. Bem, Sofia!! Eu também tinha notado a tua ausência, está explicado :P
    Tiveste aí um desafio e pêras!!! Eu quando era mais novo também me aventurei nesse mundo hoteleiro, era só ao fim de semana mas também foi o dia inteiro, só que na altura não tive grande estofo para isso e deixei de ir xD Acho que foi uma ótima experiência que te pode abrir portas. :)
    Parabéns pela coragem e as melhoras para os teus pézinhos :D

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    1. É verdade, andei mesmo a leste da vida nestes dias...

      Confesso que também sempre disse que isto não era trabalho para mim. Quando era mais nova os meus pais tiveram um café e eu ficava por lá a ajudar muitas vezes, principalmente durante as férias da escola. E eu detestava aquilo! Lá para terça-feira comecei a entrar em desespero e com uma vontade enorme de fugir de lá - em boa parte por causa das dores - mas assumi um compromisso e quis cumpri-lo. Espero que o esforço tenha valido a pena e acabe por abrir uma porta.

      Obrigado, felizmente hoje já estão melhores :)

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  4. Olá!

    Uma semana louca, sem dúvida! Eu compreendo muito bem a tua situação. Estar desempregado não é fácil, muitas vezes temos que aceitar trabalhos que sempre fugimos...Espero que tudo corra bem.
    Aproveita para descansar muito.

    Beijinhos e boas leituras.

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    1. Olá Isaura!

      É verdade, e muitas vezes não nos podemos dar ao luxo de negar trabalho só porque não nos agrada. E hoje em dia, muito menos... Vamos ver no que dá, daqui para a frente!
      Este fim de semana foi mesmo para descanso, meus ricos pézinhos!

      beijinhos

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  5. Aww minha querida, aproveita para descansar agora ^_^

    Beijocas

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    1. Olá Neuza!

      Tenho abusado da minha caminha nestes dois dias - nunca tive tantas saudades dela :P

      beijinhos

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  6. Spi, percebo agora pelo teu relato as carinhas de cansaço que costumava ver à saída :S mas ainda bem que gostaste da experiência. Pelo menos é algo de diferente do que estavas habituada. De vez em quando sabe bem variar de tarefas.
    beijinho e as melhoras aos músculos!

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