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sábado, 28 de março de 2015

Uma aventura... n'O Preço Certo

Tudo começou como uma brincadeira. Bem, na verdade começou naquele voluntariado que fiz no Carnaval (e que me valeu o meu trabalho actual) e esses dias não tiveram muito de brincadeira. Só dor e cansaço. Mas passando à frente... Tudo começou com o director do Hotel que nos convidou (a mim e ao meu moço) a fazer parte da sua claque no Preço Certo. Encontrámo-lo por puro acaso no Continente de Portalegre e o homem saiu-se com esta. Acabei por lhe perguntar se estava a referir-se ao programa da RTP, não estivesse ele a gozar connosco. Mas não estava, falava muito a sério e a juntar a tudo, a viagem seria no dia de anos do meu rapaz. Pensámos que poderia ser engraçado e aceitámos o convite.

Partimos de Castelo de Vide por volta das 9h da manhã. A claque era composta por alguns funcionários do hotel e alguns que já não trabalham lá mas que mantêm uma boa relação com o director e os ex-colegas. Não fosse isto uma terra pequena onde todos se conhecem... E lá fomos num autocarro cedido pela Câmara, uma bolsa do pão típica de cá com as prendas da praxe para o gordinho. Comigo levava apenas um pequeno lanche para o meio da manhã, que não era mais do que um pastel de carne para o Samuel e um folhado para mim. O director disse-nos que não era preciso levar merendas e que estariamos em Lisboa ao meio dia. Calculámos que a primeira coisa a fazer, seria almoçar. Só que não.



Para nossa surpresa encaminhámo-nos directamente para a entrada da RTP. Teriam algum género de buffet para os participantes?? Também não... Assim que o nosso autocarro parou em frente aos estúdios avistámos uma excursão de velhotes (gente pró nas idas ao Preço Certo), todos eles agarrados ao seu farnel bem reforçado. Cada um com uma bela marmita, sandes, pinga e ainda avistei alguns a comer queijo e enchidos. Não é de estranhar, já que as equipas que iam participar eram todas Alentejanas, com excepção de uma de Peniche. Havia gente de Campo Maior, Almodôvar e julgo que da Ponte Sôr. E nós, os totós de Castelo de Vide, que começámos por achar piada aquele banquete às portas da RTP, rapidamente percebemos que os burros éramos nós. No meio daquilo tudo, o director ainda comentou que a produção pediu para chegarmos já almoçados, mas além de não nos ter dado essa informação, ainda disse que não era preciso levarmos almoço. Fuck logic...

Ao entrarmos no estúdio do programa, o primeiro choque foi mesmo o tamanho do estúdio. Na televisão ainda parece grandote, mas ao vivo é tão pequenino que custa a crer como é que pode ser tão enganador. Começaram por sentar todas as equipas na bancada, passaram uma declaração com as regras e condições do programa que tivemos que assinar. Quando comecei a ler o papel percebi que não seria apenas o director que ia a jogo: qualquer um poderia ser chamado. ME-DO!


No centro do estúdio estava um género de biombo preto onde decorriam entrevistas a todas as equipas. Chamaram-nas, uma a uma, enquanto as restantes aguardavam em fila junto à bancada. Por fim chegou a nossa vez e descobrimos que a entrevista seria gravada. Estava um operador de câmara e uma rapariga que começou por nos dar as boas vindas e explicou sucintamente a forma como tudo se iria passar. Iríamos gravar dois programas (DOIS???) e, às 19h entraríamos em directo (ai mãe, onde me vim meter...). Felizmente perguntou se havia alguém que não queria ser chamado para participar no programa e, um pouco envergonhados, alguns de nós lá levantaram a mão. Ao que parece não fui só eu a ser apanhada de surpresa... Depois seguiu-se uma pequena entrevista aos que não se importavam de participar. Nada demais: nome, profissão, etc. No final pediram-nos que estivessemos no estúdio antes das 16h para a gravação do primeiro programa. Nos entretantos fomos à procura de um wc e um bar. Só para vos orientar melhor na minha narrativa, tudo isto se passou entre as 12h e as 14h, o que significa que ainda tínhamos algum tempo para empatar.



O wc encontrámos sem problemas. Mas em relação ao bar já foi mais complicado, pois era de acesso exclusivo aos funcionários da estação. Em alternativa estavam 4 máquinas de venda automática: uma de cafés, uma de sumos e águas e as outras duas tinham bolos, chocolates e algumas sandes. O problema é que aquilo tinha que dar quase para 200 pessoas que iam participar nas gravações e quando quis ir tirar algumas coisas para guardar na mala, percebi que não tinha moedas e as máquinas não aceitavam notas. Que grande merda... E depois de ter percebido que ia passar uma fome enorme o resto do dia, fez-se um clique e caiu-me o coração aos pés. De repente lembrei-me que o meu namorado é diabético, insulino-dependente, que não pode estar mais de duas/três horas sem comer. Já me estava a imaginar num hospital de Lisboa, depois de ele entrar em coma diabético - coisa nada bonita de se ver. Felizmente ele tinha algumas moedinhas na carteira e lá tirou alguns chocolates para ir comendo ao longo do dia. Quando o vejo chegar ao pé de mim com os chocolates só me apeteceu bater-lhe, parecia uma gaiato. Mas percebi a ideia dele. As sandes eram mais caras e não duravam o dia todo e assim dava para ele ir gerindo. Escusado será dizer que passei o tempo a dizer-lhe que não tinha fome para, assim, ele ir comendo os chocolates à vontade e sem pesos de consciência. 

Com isto se passou o tempo e, às 16h estávamos de novo no estúdio a ouvir as piadas do Betão que, ao mesmo tempo, nos ia explicando os sinais que ia fazer atrás das câmaras e como nos devíamos comportar... A Lenka surpreendeu-me pela positiva. E sim, estou a ser sincera. Na televisão parece mais velha que ao vivo. É uma mulher lindíssima, sem dúvida.

No final da primeira gravação voltámos às máquinas de venda automática, acompanhados por dois colegas. Nós não tínhamos mais moedas mas ainda assim ficámos um bocado revoltados quando encontrámos as máquinas completamente vazias. Eram 17horas e ainda faltava uma gravação e o directo, mais a viagem para casa. Sabíamos lá quando íamos ter comida à frente. Então, escapámo-nos. Nem tínhamos a certeza se nos voltariam a deixar entrar nos estúdios, mas a fome já era negra e eu estava a ficar preocupada com o Samuel. Fomos à procura de um café ali perto para comprar umas sandes, pelo menos. Encontrámos um restaurante que por acaso estava aberto, ao final da rua, e perguntámos se tinham alguma coisa rápida para comer. A resposta agradou-nos: lombo com batata assada. Sentámo-nos os quatro, pedimos água e um jarro de tinto e devorámos as entradas. Depois veio o lombo com batatas assadas e tivemos direito a arroz e salada. O rapaz que nos serviu perguntou se vínhamos do Preço Certo e percebemos que deve ser muito frequente aparecer por ali esfomeados como nós. Se calhar não era assim tão por acaso que o restaurante estava aberto a meio da tarde. No final ainda comemos sobremesa e cantámos os parabéns ao Samuel, com direito a vela e tudo, cortesia do restaurante. E voltámos para o estúdio, a tempo de participar no directo.


Quando lá chegámos a produção estava a distribuir um pequeno lanche por todas as pessoas. Umas sandes e um sumo. Ai abençoado lombo... De barriga cheia já estávamos mais animados, mas também estávamos um bocadinho cansados. Se os outros batiam palmas, eu batia palmas. Se os outros se levantavam, eu levantava-me. Enfim... Passou-se. Pouco depois das 20h estávamos a entrar no autocarro, de regresso a casa. Chegámos por volta da meia noite, super cansados, mas ao menos não estávamos esfomeados e o Samuel estava bem - que era o meu maior alívio. Um dia tenho que vos falar um bocadinho sobre a diabetes, porque sinto que as pessoas não sabem muito acerca desta doença. E o pouco que sabem, geralmente está errado...

Mas pronto, isto tudo para vos contar que passei uma fome desgraçada e foi um dia super cansativo. Nunca mais me enganam para uma coisa destas. E se estiver alguém a ler este post que pense ir ao programa, ou conheça alguém que queira lá ir, passem a palavra: levem uma boa merenda, que vá bem abastecida. Assim o suficiente para dois ou três dias. O que me impressionou mais, no meio disto tudo é que para a RTP isto é uma coisa que acontece todos os dias, há imensos anos. Não percebo porque nunca arranjaram uma solução para as pessoas que lá vão. Nem que tivessem um bar para os funcionários e outro para a ralé, faziam uma fortuna à nossa pala. Já agora, quem quiser montar uma barraquinha de cachorros à porta da RTP, também era capaz de se safar. Fica a dica :)

Desculpem lá o testamento!

8 comentários:

  1. Bem, Sofia! Mas que grande aventura :)
    Por acaso conheço várias pessoas que já foram ao Preço Certo.
    Certamente levaram o farnel de casa xD
    Ainda bem que no fim, acabou por não correr mal de todo.
    Beijinhos.

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    1. Que grande aventura mesmo, mas nunca mais me enganam...
      Então foram espertos! Aquilo é muito giro e tal, mas de barriga vazia não dá mesmo.

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    2. Eu acho que não tinha paciência, nem de barriga cheia nem vazia xD

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  2. Bem, que grande aventura... e fominha!
    Credo, ir para lá sem avisarem que tinham que almoçar? Eu acho que tinha caído para o lado!
    Beijinhos

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    1. Mesmo! Nos dias seguintes só falávamos da fome que passámos... O programa em si, foi engraçado, apesar de ser cansativo gravar 2 programas e mais o directo. Mas a fome... aaaaiii...

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  3. Foi uma aventura e tanto. E eu que sempre pensei que eles davam um almocinho lol.

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    1. Opa, também eu! Fui mesmo enganada... Nunca mais me apanham lá (pelo menos não sem um lanchinho bem reforçado hehe)

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