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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Os livros envelhecem connosco

Sempre que o meu aniversário se aproxima vou entrando lentamente numa mini depressão que se agrava consideravelmente no dia em questão. Vejo-me cada vez mais perto dos 30 e sem grandes objectivos de vida cumpridos, o que acaba por ser normal nos jovens de hoje em dia mas que nem por isso deixa de me afectar. Eu bem tento não pensar no assunto e afastar estas ideias negativas assim que elas se lembram de me atormentar, mas nem sempre consigo pensar em alguma coisa que me anime e me tire desse "buraco". Mas calma, não estou aqui para vos deprimir! E a mim também, pelo meio do caminho...

Há uns dias dei por mim a ser resgatada do meu estado depressivo quando constatei que uma boa parcela da minha boa disposição e (vá, arrisco-me a dizer) felicidade é preenchida pelos livros que vão chegando cá a casa e que são guardados cuidadosamente nas estantes, que são folheados e me levam a sítios longínquos sem sair do conforto da minha casa. É mágico, não é? Depois acabei por me imaginar um pouco mais madura e com a minha biblioteca de sonho, construída ao longo de todos estes anos e que me fará companhia na velhice, antes de ser atacada pela miopia e, possivelmente, pela demência. Quase, quase, quase me dá vontade de largar tudo e saltar já para esse momento. E de repente dei por mim a pensar no meu avô e na sua pequena biblioteca pessoal, cujos livros estavam devidamente carimbados e assinados por ele. E já que falo nisso, tenho que arranjar um carimbo desses! Imaginei como seriam os livros no momento em que os terá comprado, pois recordo-me perfeitamente das suas capas gastas, as páginas amareladas e aquele cheiro característico dos livros velhinhos. Pergunto-me como seriam as suas capas novas e acabadas de sair das gráficas. E o cheiro do papel de antigamente, teria o mesmo cheiro que os livros novos que compramos agora?

Infelizmente, já não posso perguntar nada disto ao meu avô. Se assim não fosse, pegaria em alguns livros da minha estante e pedia-lhe que os comparasse com os seus de há muitos anos atrás. Será que o meu avô teria noção de como os seus livros mudaram ao longo dos anos? Pergunto-me se esta percepção não será semelhante à forma como encaramos o nosso próprio envelhecimento, que só é constatado quando pegamos numa fotografia tirada há 2, 6, 10 anos e notamos a pele mais lisa e brilhante, os olhos mais joviais, a roupa mais ajustada ao corpo. Pequenos detalhes que nos passam despercebidos ao longo dos anos e que nesse momento encaramos com algum choque.

Os livros envelhecem, tal como nós. Daqui por 30, 40, 50 anos as minhas capas estarão menos coloridas, as páginas estarão amareladas e aquele cheiro agradável do papel novo desaparecerá lentamente sem que eu o sinta. Serei capaz de notar a diferença?

4 comentários:

  1. Um devaneio muito interessante :D Eu também quero chegar a velhinho e ter uma grande biblioteca, para passar as manhãs ou os fins de semana descansado a folhear os livros :P Era bom.

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  2. Olá,

    Bem como anda essa cabeça ehehe, não te preocupes que eles não vão ter problemas de ossos e assim apenas desejo que quem ficar com os meus livros um dia mais tarde tenha tanto prazer em os ler como eu tive :D

    Bjs e boas leituras

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    1. Olá!

      Nisso também penso como tu. Espero que quem os herdar os trate tão bem quanto eu :)

      beijinhos

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  3. Nunca tinha pensado nisto... Tenho sempre ideia que os livros velhinhos da mamã já "nasceram" amarelinhos e secos :P
    Adorei o texto :D

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