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sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Já Não se Escrevem Cartas de Amor

Depois de perceber que O Código d'Avintes não foi a melhor escolha para me iniciar na obra de Mário Zambujal, surgiu a necessidade de procurar outro livro para discutir no clube de leitura. O que eu não esperava, neste processo, era encontrar um novo apoio para o blogue. 

Já não se Escrevem Cartas de Amor, foi gentilmente cedido pela Esfera dos Livros para opinião. Mas antes de passar ao livro propriamente dito, não posso deixar de elogiar a rapidez do envio! De um dia para o outro, tinha o carteiro a bater-me à porta. Fiquei bastante surpreendida :)

Ao abrir o embrulho deparei-me com uma edição muito bonita, em hardcover e com a jacket igual à capa. Como sempre, tirei-a e guardei-a na estante para que não se estragasse durante a leitura. Adorei o detalhe da fita para fazer a marcação das páginas, mas não imaginam o stress que foi ler ao pé do meu gato... Tive que estar sempre a segurar na fita porque à mínima distracção, fugia-me o livro das mãos... Gatos! 

A história é narrada pelo protagonista, durante uma noite tempestuosa. Duarte, com pouco mais que 70 anos, aguarda com alguma preocupação o regresso da esposa, enquanto vai recordando a sua juventude de namoradeiro. E assim, somos transportados para a Lisboa da década de 50. À parte da história, foi precisamente este retrato da capital que me agarrou à leitura. Duarte é filho de um comerciante bem sucedido, o que lhe proporciona uma vida desafogada. São frequentes as noites glamorosas no Casino do Estoril, nas boîtes e as tardes passadas no Chave D'ouro. São cenários que não conheço (seria difícil, também...) mas segundo as imagens presentes no livro, fazem lembrar o emblemático Edifício Facha, em pleno Rossio de Portalegre (actual Hotel José Régio).  

E apesar de Duarte ser um autêntico mulherengo, o seu coração é facilmente arrebatado por uma jovem muito bonita, chamada Erika. Ainda se lembram de escrever cartas de amor? Aquela insegurança nas primeiras linhas, o receio de dizer algo inconveniente, deitar tudo fora e começar de novo... Ao ler este livro lembrei-me das cartas de amor escritas em tempos de guerra, em que o medo e a saudade pesam em cada palavra. Não é exactamente o caso deste livro, no entanto fiquei com pena, e alguma inveja, de nunca ter escrito (ou recebido) uma carta de amor. Outros tempos...

A escrita do autor não me cativou particularmente. É simples, permitindo uma leitura muito rápida. Mas não reti nenhuma característica que deva ser referida num texto de opinião. Ainda assim gostei da história, apesar de não concordar com o final (que passa pela revelação da identidade da esposa de Duarte). Foi um final que não esperava, precisamente por ser um pouco óbvio. Penso que a história poderia ganhar mais algumas páginas se o autor tivesse optado por outra esposa para o protagonista. Mas pronto, é apenas a minha opinião e não será este pormenor que me impedirá de ler mais livros de Mário Zambujal.  

Mais uma vez agradeço a simpatia e a disponibilidade da editora!

5 comentários:

  1. Olá, Spi,
    Gostei da tua opinião e fiquei com curiosidade. Acho que o Mário Zambujal gosta de personagens namoradeiras ;D já no "Histórias do Fim da Rua" os protagonistas tinham gosto no flirt. Sobre a escrita, no livro que li achei engraçado ver até expressões muito típicas nossas, mas sim, é muito leve.

    beijinho

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  2. Olá Sofia!
    Só li um conto do Mário Zambujal mas é daqueles autores que gostava de ler mais para poder perceber o que acho da escrita.

    Oh sim, acredito que não tenha sido nada fácil leres ao pé do Tobias. Não podem ver nada pendurado que acham logo que é para brincarem =)

    Beijinhos

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    1. Olá Tita,

      Já agora, que conto leste?
      Também não me importava de ler mais livros dele. Pelo que percebi, a escrita é bem simples e os livros lê-se rápido.

      Opa, sabes como é. Não podem ver nada! Imagina lá eu estar descansada a ler e de repente o livro a fugir-me das mãos! Gatos...

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    2. Foi um conto que saiu há uns anos no DN online, "Um Velório Alegre". Até gostei mais senti que terminou tudo muito abruptamente.
      Ora deixa cá ver se ainda o tenho guardado e se tiver já te digo algo ;)
      Beijinhos

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    3. É por isso que eu raramente gosto de contos. São mal desenvolvidos e terminam demasiado rápido. Hei-de investigar o conto :)

      beijinhos

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