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sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Marina

Marina, de Carlos Ruiz Zafón, foi o livro escolhido para começar o Desafio Inverso, apelando ao tema "um livro de um autor preferido". Achei que seria uma forma agradável e reconfortante de começar o ano, regressando à Barcelona descrita por este autor, que tem sempre um je ne sais quoi que a torna encantadora. Há muito que espero por uma continuação da Sombra do Vento, mas parece que ela teima em não aparecer. Não detestam quando o vosso autor favorito leva anos para publicar os livros de uma série? 

Precisamente por causa disto, eu andava a guardar a Marina para quando se ouvisse algum zumzum sobre um novo livro do Zafón. Era como uma reserva, uma garantia de que continuava a ter alguma coisa da sua autoria por ler, na minha estante. Para quem não sabe, antes de se dedicar à Sombra do Vento e aos restantes livros da série, Zafón escrevia livros juvenis que, cada um de sua forma, eram repletos de personagens e cenários horripilantes. Surgiu então a trilogia da Neblina e a Marina, como um stand alone

Eu sei que muitos dos que estão a ler esta opinião vão ficar com vontade de me bater, de me insultar e vão querer fazer-me perceber que a minha opinião está errada!! Por isso, por favor, contenham-se! Qualquer coisa está uma caixa para comentários aqui em baixo, mas peço-vos que não me odeiem pelo que vou dizer a seguir.... Espero aliviar-vos um pouco quando digo que eu própria me surpreendi e me odeio um bocadinho....

Eu não gostei da Marina. Pronto, já disse! *calma, calma, calma!*

Carlos Ruiz Zafón é um dos meus autores favoritos, desde que tive oportunidade de ler A Sombra do Vento. Julguei que fosse impossível gostar ainda mais dele, mas quando li O Jogo do Anjo, conseguiu subir ainda mais na minha consideração. A escrita dele é tão simples, que não sei ao certo como consegue passar para o leitor aquela imagem de uma Barcelona antiga e cheia cantos misteriosos, ou a imagem das águas agitadas pela fúria de uma tempestade ao pé de um farol. Facilmente conseguimos imaginar os cenários que nos são descritos e sentir o sangue a gelar-nos nas veias com um jardim de estátuas brancas envolto num manto de neblina. E é claro que a escrita do autor não perdeu qualidade, reconheci-a assim que comecei a folhear o livro. Mas houve qualquer coisa que se perdeu. 

Será que por estar há tanto tempo a guardar este livro na estante, criei expectativas muito elevadas? Será que por ter lido todos os outros livros do autor, este se tornou demasiado previsível?
A verdade é que não sei. 

O que sei é que, de facto, foi tudo um bocado previsível. Até mesmo as visitas médicas que a Marina fazia regularmente com o pai, que penso que foi o segredo mais bem guardado do livro, foram fáceis de decifrar. Não me arrepiei em momento algum com o cheiro a putrefacção - o que me desanimou. E apesar de o mistério e os crimes que são descritos neste livro terem tudo para o tornar num bom policial (ou drama, ou FC, ou fantasia, ou sei lá!), não me parece que a forma como as peças se encaixaram seja minimamente original. Ou realista. Quem é que abre a porta de sua casa a dois miúdos, que ali aparecem a fazer perguntas que não lhes dizem respeito, e do nada desbobinam a sua vida quase toda? Eu tolerava se isto acontecesse uma vez, mas todos os personagens o fizeram. Foi a única forma de o puzzle fazer sentido, exceptuando alguns detalhes que foi só juntar 2 + 2. 

Senti falta de um personagem misterioso como o Andreas Corelli. Queria sentir-me arrepiada como aconteceu quando o palhaço do jardim de estátuas se movia. Senti falta da genialidade do meu autor favorito. E quando classifiquei o livro, senti-me culpada por não lhe conseguir dar mais de 3 estrelas, ainda que muito puxadas. Valeu-lhe o estatuto de "autor favorito" e a sua escrita característica, que nos envolve e nos faz virar as páginas tão rapidamente. Não duvido que se tivesse lido a Marina há mais tempo, antes de ler a Trilogia da Neblina, lhe teria dado uma melhor classificação e uma review excelente. Mas acabei por achar apenas "mais do mesmo". 



Então, odeiam-me muito, pouco ou assim-assim? Esta não foi a melhor forma de começar as leituras do ano. Confesso que até me sinto um pouco desanimada para pegar nos restantes livros que tenho planeados para este mês, mas estou a tentar não me fixar muito nessa ideia. Ainda tenho pendente a leitura para o Clube, que este mês é dedicado ao Mário Zambujal, que vou conjugar no Desafio Ler Autores Portugueses e também no segundo tema do Desafio Inverso. Espero que corre melhor...

Quanto ao Zafón, espero sinceramente que o senhor se esteja a dedicar com afinco ao 4º livro do Cemitério dos Livros Esquecidos, porque o Daniel Sempere e a Isabella merecem uma boa continuação. E por aqui me fico.

Uma boa noite para todos :)

9 comentários:

  1. Eu deste autor só li O Palácio da Meia-Noite e odiei. Parecia que estava a ler uma aventura dos Cinco com coisas mal explicadas... e quando percebi que o vilão era um fantasma, só rolei os olhos e arrastei a leitura até ao fim para constatar que não gostei mesmo xD

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    1. É normal que te parecesse uma aventura dos cinco, porque são livros juvenis. Mas percebo o que queres dizer, podiam ser muito melhores.

      Olha que O Jogo do Anjo vale a pena!

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  2. Spi, como te compreendo!! Como se costuma dizer, sabe a pouco. Mas olha, gostei muito da tua opinião. È difícil não gostarmos de algo que o nosso escritor favorito criou e escrevê-lo (e lembrei-me agora que há mais de um ano que tenho por publicar uma opinião da Philippa Gregory lol) e foste muito educada ;D e a tragédia toda que envolve o livro? Já era de mais...

    beijinho

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    1. Opa que tristeza...

      Vá lá, eu achei que tinha sido mázinha. Mas mais uma vez se prova que é muito mais fácil escrever uma crítica negativa que positiva. Soube exactamente o que tinha que escrever.

      Lol consegues fazer uma opinião a um livro que leste há mais de um ano?

      beijinhos

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    2. Sim, e até os textos das opiniões negativas nos parecem muito melhores.
      Já a tenho escrita algures - giro, giro, vai ser encontrar agora o documento lol devia ter passado logo para o blogger, mas fui adiando... (parvoíces)

      beijinho

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  3. Olá Sofia,

    Curiosamente este «Marina» é um dos livros preferidos do próprio autor, e escrito a pensar numa faixa mais adolescente e menos desenvolvida. Talvez por isso o teu desapreço.
    Não é tão intrincado como as outras obras a que estamos habituados, não, mas na minha opinião já se sente ali o que viria a ser a promessa que o autor dá em cada uma das suas aventuras ;)

    Boas leituras!

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    1. Olá Denise,

      Faz-me confusão que ele o considere o seu livro favorito, já que os seguintes são muito melhores. Mas pronto. Mas mesmo tendo em conta a faixa etária a que se dirige, não duvido que poderia ter sido mais bem desenvolvido. É daqueles livros que se calhar não se perdia nada em ter mais umas 100 páginas.

      beijinhos, boas leituras :)

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  4. Olá Sofia,
    Antes de mais, não, não te odeio.
    Eu gostei muito do Marina (dei-lhe 5 estrelas) mas compreendo porque é que não te agradou.
    Mas não nos podemos esquecer que este livro foi escrito como sendo um livro juvenil e até antes de A Sombra do Vento. Daí ter achado curiosa esta tua frase "Mas houve qualquer coisa que se perdeu.", quando na realidade, Zafón não perdeu, ganhou ;)

    E sim, irrita-me e dá-me nervos nunca mais escrever a continuação do cemitério dos livros esquecidos!

    Beijinhos

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    1. Olá Tita,

      Eu tentei não me esquecer que não faço parte do público alvo deste livro. Tive o mesmo problema com os livros da neblina, excepto, talvez, o primeiro.

      Tens razão, no que toca ao autor, não se perdeu nada. Ele ganhou. Melhorou bastante desde estes livros juvenis até aos romances que escreve agora.

      Somos as duas! ca' nervos!

      beijinhos

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