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domingo, 5 de fevereiro de 2017

Distúrbio Obsessivo-Compulsivo, alguém quer?

Nunca abordei este assunto aqui no blogue, mas há sempre uma primeira vez para tudo. Antes de mais, e para quem não sabe bem em que consiste este distúrbio, aqui fica uma pequena definição:

DOC -  É um distúrbio que se caracteriza por pensamentos obsessivos e compulsivos, que levam o indivíduo a agir de forma considerada estranha perante a sociedade. Pode manifestar-se em ideias exageradas e irracionais relacionadas com saúde, higiene, organização, simetria..., ou rituais que são incontroláveis ou dificilmente controláveis.


Este tema é abordado com regularidade nas séries americanas, trazendo-nos personagens que nos levam facilmente às gargalhadas. Quem não gosta das excentricidades do Dr. Sheldon Cooper, de TBBT, ou da Mónica, em Friends? Adoro estes personagens, mas a verdade é que viver com Doc não é assim tão engraçado. 

Não é que a minha vida seja muito afectada por isto, mas desde que me lembro de ser gente que tenho umas manias muito esquisitas. Não sei até que ponto os meus pais se terão apercebido que as minhas "manias" eram algo mais que manias estranhas de uma criança. A verdade é que houve sinais claros de que alguma coisa não estava bem, mas nunca me levaram a qualquer tipo de especialista. Agora que já não sou nenhuma criança apercebo-me que por um lado consegui ganhar controlo de alguns dos meus rituais, mas com o tempo surgiram novos. 

Não tenho fobia a germes e não sou escrupulosa no que toca a limpezas e arrumações, por exemplo. Adoro ver dicas de arrumação mas tento nem pesquisar sobre esse tema porque com um T1 pequenino e um orçamento que nunca sobra, só serve para me irritar profundamente por não conseguir por nada em prática. Tento ao máximo evitar coisas que sei que vão ficar a remoer na minha cabeça ao ponto de não me deixar dormir a noite inteira, e "organization porn" é uma delas.

Lembro-me por exemplo que em miúda, sempre que apagava o candeeiro da minha mesa de cabeceira, antes de dormir, tinha que contar até 20 e até a contagem tinha um ritmo próprio. 

1234   5678   9101112   13141516  1718   1920

Luz apagada. Só que não. Muitas vezes alguma coisa remoía cá dentro, obrigando-me a ligar a luz e a repetir a cantilena duas, três, quatro vezes...
Desabituei-me desta treta na universidade, quando me vi obrigada a dividir quarto com outras pessoas e achei por bem começar a agir como uma mulher adulta que não conta até 20 para desligar as luzes. E resultou, por algum tempo. Hoje em dia já não conto até 20, mas durmo com uma luz de presença ligada durante toda a noite. Substituí uma mania por outra.... 

Não sei até que ponto a compulsividade que me leva a esturrar todas as potenciais poupanças em livros, não está também relacionada com isto. Há qualquer coisa que me acalma ao comprar um livro ainda que saiba que não o vou ler tão cedo e só vai aumentar a pilha por ler. O facto de trazer um livro novo para casa acalma qualquer coisa cá dentro, principalmente quando a vida não me corre bem...

Fechar portas é um autêntico tormento. Não consigo fechar o carro sem confirmar se todas as portas estão bem fechadas. E depois de o fazer, é raro não chegar a meio do caminho para casa e pensar "será que ficou MESMO fechado?". Lá vou eu, repetir e confirmar tudo outra vez. Se por acaso estiver mais alguém no estacionamento, finjo que me esqueci de alguma coisa lá dentro só para poder abrir o carro, fechar e correr todas as portas para as confirmar novamente. E tendo em conta que 95% das vezes conduzo sozinha, as restantes portas do carro quase nunca são abertas! 

Só há pouco tempo é que o meu namorado se apercebeu que alguma coisa não batia certo. Namoramos quase há 5 anos e apesar de ele me ver a fazer isto ao carro vezes sem conta, só quando me viu a fazer o mesmo à porta de casa é que começou a olhar para mim com cara de caso... De cada vez que saímos, lá fico eu agarrada à porta um tempão a confirmar se está fechada. Já quando estou em casa, a porta é automaticamente trancada. Já nem dou por o fazer: é automático. Chego a vir a casa para buscar alguma coisa e, 5 ou 10 minutos depois, vou a sair e dou com a porta trancada....

Certamente que há quem sofra bastante com este distúrbio e eu sei que comigo são apenas pequenas coisas que não consigo evitar. Ainda assim, desde há um ano para cá noto que tenho vindo a piorar. Dou por mim com rituais novos e coisas que conseguia controlar e agora já não. Não sei se a pressão psicológica da separação dos meus pais, e todos os dramas que daí vieram, ajudou a piorar as minhas obsessões ou se terá sido antes o facto de viver sozinha e não ter ninguém por perto que me "obrigue" a controlar algumas das minhas excentricidades... O que sei é que elas estão cá e muitas vezes deixam-me doida!


Mais alguém por aí que sofra de DOC? Como fazem para controlar os impulsos e as ideias mirabulásticas que vêm sabe-se lá de onde?

3 comentários:

  1. Olá, Spi,
    Bem, realmente já tinha notado essa questão das portas do carro. Das duas últimas vezes que andei contigo lembro-me de reparar na tua preocupação, mas não liguei. Tb acho q os novos "comportamentos" devem ser uma reacção ao "stress" por que tens passado.. teria lógica...

    Vamos já inscrever-nos nas aulas de yoga!
    Qualquer coisa, diz.me ;D

    beijinhos

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    1. Olá Su,

      A do carro deve ser a que dá mais nas vistas, mas espera até me veres agarrada à porta de casa. As minhas vizinhas já devem ter desconfiado que não regulo muito bem!

      Olha que a yoga não era nada mal pensado! Onde é que há aulas disso?

      beijinhos

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    2. E era coisa que queria mesmo aprender. Estou a ficar "perra" também. Tenho que me informar e logo te aviso ;D
      A associação do tal café da Rua do Comercio tinha dosi dias por semana, mas nunca mais vi cartazes sobre isso...

      bejinhos

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