Khadija - A Mulher de Maomé

Desde que comecei a estabelecer parcerias entre o Delícias e algumas editoras, tenho notado uma maior variedade nas minhas leituras. Não é algo planeado, mas com o tempo acabei por perceber que tenho apostado mais em géneros literários nos quais não costumava investir. E o mais surpreendente é que tenho vindo a gostar dessas novas descobertas e dou por mim a procurar mais livros dentro desses géneros. É o caso dos Romances Históricos e, talvez, da Literatura Fantástica. 

Com a Editorial Bizâncio a experiência tem tido uma outra particularidade: a religião. Tudo começou com os livros de Yasmina Khadra, que retratam essencialmente o povo e a religião da Argélia, mas desta vez, por sugestão da Carla, chegou cá a casa um livro de Marek Halter, de quem nunca tinha ouvido falar. 

Khadija, A Mulher de Maomé é o primeiro livro da série As Mulheres do Islão. E tendo em conta o papel da mulher na sociedade islâmica, uma série baseada em mulheres que se destacaram no meio dos homens parece-me uma leitura aliciante.

Khadija é viúva de um próspero e respeitado comerciante de Meca. Após a sua morte, Khadija assume os negócios de forma astuta e torna-se, ela própria, a mulher mais respeitada de Meca. No entanto, o facto de ser mulher e não ter descendentes do seu primeiro casamento, não lhe permite que se movimente junto dos homens poderosos e influentes da cidade. Para isso, a viúva precisa de um marido mas recusa-se a casar sem ser por amor. Maomé, ou Muhammad, era apenas um servo que viajava para os países do norte e do sul, em busca de tecidos, especiarias e tudo o que pudesse ser vendido no mercado de Meca. 

O que mais me cativou neste livro, e que me prendeu à leitura, foi o amor e a ternura com que os dois personagens se tratam. A cumplicidade que os une sente-se a cada momento, sem que o livro se torne num romance lamechas - o que eu agradeço bastante.  Para além disto, o conflito entre clãs, a peste negra, as inundações e a morte que enluta a família, dá-nos um contexto da época e da sociedade e conduzem-nos até ao momento em que o Anjo Gabriel aparece a Maomé e lhe revela as palavras de Deus.  

Foi uma leitura que me permitiu aprender um pouco sobre o Islão, sobre os seus deuses, as crenças, os rituais e até mesmo sobre o profeta. Só por isso já valeu a pena. O final, no entanto, foi um pouco desconcertante. Não percebi ao certo o que se passou na cena final e restam-me algumas teorias e suposições. E agora, tenho que esperar pela continuação.... Não imaginam como estou ansiosa por ter o Fátima nas mãos. Para quem gosta de romances históricos, ou procure apenas diversificar as leituras, aqui fica esta sugestão!