O Filho de Mil Homens

O Clube de Leitura arrancou em meados de Outubro e o primeiro autor escolhido foi Valter Hugo Mãe. Os membros do clube revelaram um certo pesar por não apostarem, tanto quanto podiam, em leituras nacionais e estavam determinados a mudar de rumo. E na parte que me toca, também partilho esse objectivo desde que criei o blogue e todos os anos tento ler mais autores nacionais. 

Valter Hugo Mãe já estava na minha wishlist mas tenho a certeza que, se não fosse pelo clube, não lhe teria pegado tão cedo. A escolha do livro acabou por ficar um pouco mais ao acaso, porque não tinha nenhum título em mente. Limitei-me a procurar um exemplar em segunda mão e lá encontrei O Filho de Mil Homens. 

De início pensei que se tratava de um livro de contos, mas estava enganada - e ainda bem! Os primeiros capítulos são dedicados cuidadosamente a cada personagem, mostrando-nos que todas vivem na solidão. Desde o pescador que queria ser pai, o menino que não tinha ninguém, a rapariga que estava de casamento arranjado, a anã que só comia cenourinhas e batatinhas que lhe coubessem na boca.... E o que parecia ser um livro de contos, aos poucos começa a ganhar outra forma e o caminho das personagens vai convergindo de uma forma muito subtil. 

A escrita do autor foi uma agradável surpresa, apesar de ter demorado um pouco a acostumar-me ao seu ritmo. Fez-me lembrar a forma como os meus avós e as pessoas mais velhas falam, em particular como falam das coisas menos convencionais (como os homossexuais, os anões e até as meninas que não se casavam virtuosas).

Fiquei um pouco arrependida por não me ter dedicado mais à pesquisa de opiniões e sinopses dos livros do autor, porque talvez encontrasse um de que gostasse mais. Eu gostei do livro, mas não adorei. Em vez de ser um bom livro, foi apenas um livro bom. Li os últimos capítulos um pouco por arrastão e convenci-me que a história podia terminar sem as últimas 30/40 páginas, que não me conseguiram cativar e não acrescentaram muito à história. O mais importante já tinha sido dito... 

Ainda assim, fiquei com curiosidade de ler O Remorso de Baltazar Serapião, que foi elogiado no clube de leitura. Dizia a leitora que partilhou a sua opinião, que tem uma certa capacidade de nos deixar à beira de um ataque de nervos. Fiquei logo intrigada! Quem sabe se não se junta à biblioteca um dia destes :) Se houver por aí opiniões partilhem-nas comigo!