Joana Bouza Serrano escreveu o livro As Avis, cuja narrativa percorre toda a segunda dinastia portuguesa, centrando-se nas rainhas que ocuparam o trono na ausência de uma figura masculina. O livro termina com a morte de D. Catarina de Áustria, avó de D. Sebastião, pela altura em que este planeava a expedição militar a Marrocos, que viria a deixar o reino em crise por falta de sucessão. E depois de As Avis, para onde direccionar a pesquisa?
Com o apoio d'A Esfera dos Livros, surgiu a oportunidade de escrever sobre o período que se seguiu à morte de D. Sebastião, tendo como ponto de partida a Duquesa de Mântua que, sendo descendente da coroa espanhola e portuguesa, viria a ocupar o cargo de vice-rainha de Portugal até à Conjura que libertou o país do jugo Castelhano e proclamou D. João IV como o verdadeiro herdeiro do trono.
Devo confessar que estava à espera de ler um romance histórico e não um livro baseado na pesquisa que a Joana Serrano cuidadosamente reuniu, sobre a época e sobre a Duquesa de Mântua em particular, assemelhando-se mais a um livro de não-ficção. Não gosto de livros de débito de informação. Mas a escrita cuidada e ritmada da autora tornam a leitura muito agradável e dei por mim a avançar rapidamente por entre capítulos, com a curiosidade aguçada.
A Duquesa de Mântua, revelou-se uma personagem fascinante. A postura altiva que denunciava a sua nobre ascendência, também revelava perspicácia e um temperamento orgulhoso. E se por um lado estas características a conduziram ao governo de Portugal, a verdade é que também contribuíram para algumas relações pouco amistosas que conspiraram para denegrir o seu julgamento e a sua imagem perante o rei. Mas Margarida de Mântua era uma mulher lutadora e obstinada, cuja lealdade a D. Filipe IV era inquestionável, valendo-lhe o apoio do rei em diversas ocasiões.
Depois de ler O Último Conjurado, de Isabel Ricardo, já tinha ficado com uma ideia mental desta época. A tirania de Olivares e de Vasconcelos, os impostos absurdos que os portugueses eram obrigados a pagar, os encontros clandestinos dos conjurados, a hesitação de D. João IV e todos os eventos que culminaram na revolta de 1 de Dezembro de 1640. Mas apesar de ser muito interessante ler sobre personalidades a quem Isabel Ricardo "deu vida" no seu romance, Joana Bouza Serrano vai mais longe na sua abordagem. Não se centrando apenas no jugo Filipino, reti com maior a clareza a forma como os casamentos eram organizados, de modo a vincular alianças, bem como o papel da mulher cuja principal função era gerar herdeiros. Ainda assim surpreendeu-me a confiança depositada nas mulheres da linhagem espanhola que, na ausência dos maridos, assumiam as rédeas da gestão de condados e reinos, algo que não foi visto com bons olhos em Portugal aquando do vice-reinado de Margarida de Mântua.
Adoro aquela sensação de terminar um livro e aprender, de facto, alguma coisa com ele. Foi assim que terminei A Duquesa de Mântua e não posso deixar de recomendar a leitura. Fiquei com vontade de ler As Avis, mesmo sabendo de antemão que não se trata de um romance histórico. Gostei da abordagem e da forma organizada com que Joana Bouza Serrano me trouxe uma lição de História, sem me arrancar bocejos.
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O Último Conjurado, Isabel Ricardo
Depois de ler O Último Conjurado, de Isabel Ricardo, já tinha ficado com uma ideia mental desta época. A tirania de Olivares e de Vasconcelos, os impostos absurdos que os portugueses eram obrigados a pagar, os encontros clandestinos dos conjurados, a hesitação de D. João IV e todos os eventos que culminaram na revolta de 1 de Dezembro de 1640. Mas apesar de ser muito interessante ler sobre personalidades a quem Isabel Ricardo "deu vida" no seu romance, Joana Bouza Serrano vai mais longe na sua abordagem. Não se centrando apenas no jugo Filipino, reti com maior a clareza a forma como os casamentos eram organizados, de modo a vincular alianças, bem como o papel da mulher cuja principal função era gerar herdeiros. Ainda assim surpreendeu-me a confiança depositada nas mulheres da linhagem espanhola que, na ausência dos maridos, assumiam as rédeas da gestão de condados e reinos, algo que não foi visto com bons olhos em Portugal aquando do vice-reinado de Margarida de Mântua.
Adoro aquela sensação de terminar um livro e aprender, de facto, alguma coisa com ele. Foi assim que terminei A Duquesa de Mântua e não posso deixar de recomendar a leitura. Fiquei com vontade de ler As Avis, mesmo sabendo de antemão que não se trata de um romance histórico. Gostei da abordagem e da forma organizada com que Joana Bouza Serrano me trouxe uma lição de História, sem me arrancar bocejos.
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Olá, Spi,
ResponderEliminarGostei muito da tua opinião :D de vez em quando sabe bem ler algo assim, para sairmos da rotina e aprendermos mais um pouco. Aconteceu-me com "As Claras Madrugadas" o mesmo.
beijinhos
Olá Sofia,
ResponderEliminarConfesso que não li a tua opinião. Porquê, perguntas tu. Porque é o livro que estou a ler de momento ;)
Comecei ontem e estou a gostar muito. E foi uma boa surpresa ver que afinal é uma biografia e cheia de factos históricos, pois estava à espera de um romance histórico, como os livros da Isabel Stiwell.
Depois de ler o livro e de escrever a minha opinião, venho ler a tua ;)
Beijinhos
Olá Tita,
EliminarBoa! Depois também quero ler a tua opinião. Também me surpreendi por não ser um romance histórico, mas mesmo assim gostei muito. Fiquei com vontade de ler "As Avis" :)
Então até ao teu regresso!
beijinhos
Já terminei XD
EliminarAdorei!!
Já estive a ler a tua opinião e concordo contigo. É uma biografia mas escrita de forma acessível e cativante, sem aquela sensação de que estamos a ser bombardeados com informação.
E também vou querer ler As Avis ;)
Beijinhos
Boa!
EliminarÉ isso mesmo, lê-se super bem. A autora pode continuar a escrever livros deste género que nós agradecemos :)
beijinhos