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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

O DIA EM QUE O PULSO DE SARAMAGO SE ACELEROU




O DIA EM QUE O PULSO DE SARAMAGO SE ACELEROU
JOÃO ABEL MANTA PINTOU O MEMORIAL DO CONVENTO DE JOSÉ SARAMAGO
UMA EDIÇÃO RARÍSSIMA


Numa edição especial e limitadíssima, a Guerra e Paz vai publicar o Memorial do Convento, de José Saramago, com ilustrações de João Abel Manta. O nascimento deste livro dava um pequeno romance. O editor José da Cruz Santos sonhou esta edição com José Saramago: « Ter o João Abel Manta e o Carlos Reis connosco é um presente do céu quando o havia. Só de pensar que vou ter um livro meu ilustrado pelo João Abel faz com que o pulso se me acelere», disse-lhe, numa carta, o autor do Memorial do Convento. Agora, a Guerra e Paz editores concretiza esse sonho. Num livro de capa dura, com um formato de 16,5 cm de largura, por 24 cm de altura, com um reforço de lombada em tecido vermelho, incluindo 20 ilustrações inéditas de João Abel Manta a 4 cores, sendo duas das ilustrações reproduzidas em dípticos com 33 cm de largura. Com guardas vermelhas e um fitilho esta é uma edição raríssima, de apenas 500 exemplares, que não voltará a ser reimpressa. Para guardar, religiosamente, se assim se pode dizer. O livro vai chegar às livrarias no dia 7 de Dezembro.

Esta edição só foi possível pela imensa gentileza de José da Cruz Santos e da Modo de Ler, que a cederam à Guerra e Paz, e por especial deferência da Porto Editora, da Fundação Saramago e dos herdeiros de José Saramago, que a autorizaram. A Guerra e Paz agradece ainda a João Abel Manta e à sua filha, bem como ao Professor Carlos Reis as autorizações concedidas.

Com a publicação da edição especial do Memorial do Convento, a Guerra e Paz fecha um ano que marcou uma profunda viragem inovadora nas suas linhas editoriais. O ano começou com a publicação de edições de grande aparato de três livros malditos, o Manifesto Comunista, o Mein Kampf e o Pequeno Livro Vermelho, três livros que acabaram por estar associados às maiores tragédias humanas do século XX.
Duas colecções dinamizaram também a produção editorial da editora. Da primeira, Os Clássicos da Guerra e Paz, publicaram-se, com uma matriz gráfica original, 13 títulos em 2016, que incluem romances de Camilo, Eça, Os Lusíadas, O Amante de Lady Chatterley de D.H. Lawrence, Madame Bovary de Flaubert, O Retrato de Dorian Gray de Oscar Wilde, ente outros. Todos estes livros foram objecto ou de novas fixações de texto ou de novas traduções, e todos eles são acompanhados de estudos ou de textos inéditos que os valorizam e distinguem.
Mais controversa e irreverente, com um grafismo a roçar o delirante, é a colecção Livros Amarelos. Cada livro junta dois textos curtos de grandes autores, contos, pequenos romances ou pequenos ensaios, a que se acrescenta um texto justificativo contemporâneo. A colecção foi inaugurada com a publicação de O Banqueiro Anarquista de Fernando Pessoa e A Alma do Homem sob a Égide do Socialismo de Oscar Wilde, com texto de apresentação de Manuel S. Fonseca, mas o mais controverso foi o volume que junta o Cântico dos Cânticos ao Manual de Civilidade para Meninas, do erotómano Pierre-Félix Louÿs. Ao todo, foram publicado 5 volumes em 2016, incluindo textos de Mark Twain, Rudyard Kipling, James Joyce e Jorge de Sena.
De Jorge de Sena e de Eugénio de Andrade, a Guerra e Paz publicou a Correspondência. O surpreendente carteio entre os dois poetas, de 1949 a 1978, é um poderoso retrato da vida cultural portuguesa desses 30 anos, um documento até hoje inédito e que será precioso para os estudos literários em Portugal. Às cartas de poetas, a Guerra e Paz juntou também a publicação, pela primeira vez, de poetas contemporâneos, com o lançamento de O Quotidiano a Secar em Verso, de Eugénia de Vasconcellos, livro que a crítica literária saudou desta forma:   «Eis um livro-meteorito, deveras imprevisto no seu fulgor de objecto poético não identificado… José Mário Silva, Expresso.» 
E, prosseguindo a tradição de publicação de beaux livres, ou se se preferir, de “livros de arte”, a Guerra e Paz lançou uma edição monumental da Tabacaria, de Álvaro de Campos, em cinco línguas, com 20 fotografias inéditas da Baixa pessoana, da autoria de Pedro Norton. A edição vem numa caixa de madeira seccionada ao meio, num formato de grande dimensão, com acabamentos artesanais que incluem a pintura à mão, a azul ciano, das faces do miolo. Tal como a edição do romance de Saramago, esta Tabacaria é uma edição limitada e única.
Com um crescimento de 63% da sua produção, 2016 foi para a Guerra e Paz o ano de afirmação, sob a direcção de Manuel S. Fonseca e com design gráfico de Ilídio Vasco, de uma linha editorial que valoriza a estética de cada livro, visando a harmonia entre o texto e a forma do livro, desde a introdução inesperada de cor e a manipulação gráfica fortemente intrusiva até à recuperação de processos artesanais como a pintura à mão, tamponagens, colagens e a utilização de outros materiais como o pano e a madeira. Porque, também para o livro, como é lema da editora, é preciso virar a página.

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