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segunda-feira, 17 de julho de 2017

Gervásio Lobato: a actualidade apanhada em flagrante delito

lisboa em Camisa
Gervásio Lobato
15x23
240 páginas
16,00 €
Ficção / Romance
Nas livrarias a 19 de Julho
Guerra e Paz Editores

Diz-se em camisa como quem diz em cuecas. Estávamos no final do séc. XIX quando Gervásio Lobato – por sinal tio-tetravô do humorista Nuno Markl – escreveu aquele que é um dos romances que melhor satiriza a vida quotidiana do mundo burguês alfacinha de então. Estranhamente, um livro que se mantém tão actual que é como se ainda nos pudéssemos cruzar com as suas personagens nas ruas do Chiado, no centro da cidade, apanhadas em flagrante delito. Em camisa, dir-se-ia na altura. De esquecido e arrumado a um canto sem a glória devida, Lisboa em Camisa regressa às livrarias a 19 de Julho com o cunho da Guerra e Paz.
Publicado pela primeira vez em 1882, em jeito de folhetim, do Diário da Manhã, este é um livro que esmiúça comportamentos, ridiculariza-os e leva-os a um extremo em que o riso é inevitável. Lisboa em Camisa conta-nos as peripécias da família Antunes, oriunda do Algarve, que se instala em Lisboa, na Rua dos Fanqueiros. Uma acutilante paródia cujo foco passa pela decadência da nobreza, ascensão da burguesia, aparecimento das profissões liberais e início da industrialização, num registo que roubou este comentário a Manuel Pinheiro Chagas: «São […] uns folhetins admiráveis, cheios de verdade, de fina observação, com tipos engraçadíssimos, quadros cómicos de um chiste inexcedível».
Outrora um dos grandes nomes do humor português, Gervásio Lobato é hoje um autor recordado apenas por uma rua com o seu nome em Campo de Ourique. Jornalista e ro­mancista, o seu humor e comicidade passaram de mãos em mãos, de geração em geração. Lisboa em Camisa foi, desde a publicação em 1882, o seu mais estrondoso êxito, com inúmeras edições. O tema é Lisboa, uma Lisboa que o autor despe ou surpreende em camisa. Um romance que lido hoje é a actualidade apanhada em flagrante delito.

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