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segunda-feira, 9 de julho de 2018

Deus Ajude a Criança, Toni Morrison

Não posso afirmar que "adoooro" Toni Morrison porque isso seria falar com pouco conhecimento de causa. 

Li o Beloved há poucos anos, e gostei muito. Creio que na altura esse livro fez parte de uma leitura conjunta com a Su, para o nosso clube. A forma como a autora nos transporta para dentro da história e nos faz quase sentir na pele "o que é ser negro", como é sentir um medo constante da discriminação e das injustiças que o tom da pele atrai, ensinando o leitor mais um pouco sobre a escravatura - mais um pouco de algo que nunca deve ser esquecido - deixaram-me rendida a esse livro. E à autora. 

Ao procurar mais títulos queria não só repetir essa sensação, mas também conhecer mais um pouco do seu trabalho. Se gostei de Deus Ajude a Criança? Sim, na verdade gostei. Mas  também levo daqui uma certa cota de desilusão. 

A história centra-se mais nos dias de hoje, e portanto não toca tanto o tema da escravatura. Mas sente-se na mesma aquele clima de receio a pairar sobre as personagens. Especialmente com Sweetness, a mãe de Bride.

Bride, a protagonista, é uma rapariga de pele, olhos e cabelo muito negros, apesar de ser descendente de negros com um tom de pele claro. Esta diferença começou por lhe custar o pai, que ao ver a filha na maternidade recusou-se a assuma-la como tal. Sweetness cria a filha sozinha, mas por obrigação e não por amor, sentindo ela própria repulsa pelo tom de pele da filha. E é esta premissa que desperta a curiosidade para a leitura, que promete ser, no mínimo, interessante.

Mas não. Bride torna-se uma mulher bem-sucedida e aprende a tirar partido do tom de pele, usando-o a seu favor. A mãe acaba por ser apenas uma personagem distante, com quem a filha pouco fala. E a história acaba por enveredar por outros caminhos. Não fosse isto um autêntico balde de água fria para o leitor, ainda temos que gramar com capítulos narrados por personagens que não acrescentam nada à história. Como é o caso da melhor amiga de Bride, que de vez em quando lá vem contar a sua versão dos factos já relatados pela protagonista. A única coisa que se retém disso, é que a amiga de Bride está constantemente a desdenhar das opções da amiga, num tom que roça ali a inveja. Se passávamos bem sem isso? Sim, sem dúvida.

Como pontos positivos, é importante frisar de que se trata de uma leitura mais leve e que entretém, claro. Aquela escrita deliciosa da Toni Morrison, que conheci em Beloved, está cá. É um facto que a autora já vai na faixa dos 80, pelo que é normal que o produto final dos seus livros não seja tão trabalhado como outrora. Só por isso, está mais ou menos perdoada.

Posto isto, fica o apelo:

Sugestões de livros fantásticos da Toni Morrison, alguém tem?


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