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quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Divulgação - São Paulo, Prisão de Luanda [Guerra e Paz]

São Paulo:
As dores de parto da nação angolana

Carlos Taveira (Piri)
Não Ficção / Memórias
176 páginas · 15x23 · 14,90€
Guerra e Paz, Editores 

Quatro décadas após o golpe de Estado de 1977 em Angola, que roubou a vida a milhares de opositores do regime de Agostinho Neto, entre eles José Van Dúnem irmão da actual ministra da justiça portuguesa , Carlos Taveira, que na época estava preso por pertencer à OCA (Organização Comunista de Angola), lança em livro as dolorosas memórias da Prisão de São Paulo, em Luanda. O relato de um sobrevivente dos assaltos feitos à prisão mais aterradora de Angola.



«– Não te mexas, estás colocado – ouvi alguém gri­tar, com um forte sotaque luandense, ao sair da porta do elevador.
Postado à minha frente, erguia-se um grande militar, em uniforme camuflado, apontando­-me uma Kalashnikov. Um tipo à civil apareceu e espetou-me uma pistola no estômago enquanto o outro me revistava.»

Este é o relato da detenção do autor, em finais de 1976, devido à sua ligação à OCA (Organização Comunista de Angola).  Seguiu-se um período negro para si e para alguns dos seus companheiros, na mais brutal prisão da ditadura angolana, de índole marxista. A partir desse momento, seguiram-se, dentro dos muros de São Paulo, torturas, espancamentos e execuções feitas das formas mais hediondas, por elementos da DISA, a polícia política do regime angolano, e torcionários que desprezavam com soberba toda e qualquer lei.

Uma obra repleta de dor com histórias arrepiantes de maoistas, como Carlos Taveira, que partilharam celas com nitistas, mercenários e indivíduos pró-regime caídos em desgraça.

Memórias descritas com um pormenor impressionante, sem ressentimentos e rancor. Para o autor não faria sentido escrever este livro com «o propósito, nem o desejo, de levantar ressentimentos antigos». «Afinal quase todos os partos das nações fazem-se na dor, e Angola não foi excepção.»

Espaço ainda para um sentido de humor inteligente, inesperado e absolutamente desconcertante. Entre os muitos momentos de terror que viveu e presenciou, o autor brinda-nos com peripécias deliciosas, tais como os jogos de xadrez à distância e as comunicações entre celas feitas através dos nauseabundos tubos das retretes. Exemplos reveladores de como o ser humano se pode adaptar e vencer as adversidades. 

Este é o primeiro livro de Carlos Taveira editado pela Guerra e Paz, Editores.
Antes o autor, radicado no Canadá, publicou os romances Mateus da Costa e os Trilhos de Megumaagee; La traversée des mondes; Mots et marées; Mots et marées: tome 2. Carlos Taveira é ainda autor do livro de poesia De la racine des orages.



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