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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Os da Minha Rua

Os da Minha Rua, de Ondjaki, foi o livro escolhido para participar numa tertúlia que se irá realizar na minha terrinha, como já tinha referido aqui no blog. Gostei da iniciativa uma vez que é uma ideia que já tinha discutido com a Su, mas calculámos que a aderência deveria ser pouca. Ainda nos lembrámos que se a tertúlia fosse feita com livros do Paulo Coelho e da Margarida Rebelo Pinto, aderência não faltaria. Dá para pensar um pouco nisso...

De qualquer forma, a tertúlia deveria realizar-se algures em Janeiro mas até ao momento ainda não soubemos qual a data correcta e começo a recear que tenham desistido da ideia. Era pena. 

O objectivo para esta tertúlia, pelo menos para este mês de Janeiro, seria conhecer um pouco melhor a literatura africana e para já foi escolhido o Ondjaki. A partir daqui, cada um poderia escolher um livro a seu gosto deste escritor. Eu escolhi este livro e a Su escolheu o livro Quantas Madrugadas tem a Noite, que também quero ler um dia destes. 

Este livro é dedicado à infância do autor, recordando a rua onde viveu, os amigos que o acompanharam, bem como a família que o viu crescer. Não sei se os capítulos narrados são baseados em acontecimentos  da sua vida ou se são apenas ficção, mas não fiquei com essa ideia... Cada capítulo narra um episódio diferente da vida de Ndalu, que é quem nos narra a história, que por algum motivo ficou gravado na sua memória. Situações como a morte de um familiar, uma mudança de escola, uma viagem a um lugar diferente, as brincadeiras com os amigos, o cão que a família teve... São situações que marcam a vida de uma criança de forma diferente que a de um adulto. 

Julgo que com este livro, Ondjaki tenta fazer-nos recordar o que é ser criança e perceber como mudámos desde então. Neste momento, já adultos, já não nos recordamos bem como víamos o mundo em crianças, como pensávamos e interpretávamos alguns acontecimentos que, para os adultos poderiam ser banais, mas aos olhos de uma criança tinham um colorido diferente. Mesmo a forma como as crianças interagem, desde as brincadeiras, as conversas, as mentirinhas e as gabarolices, são coisas que ficaram no passado e hoje já não acontecem. (Ou não deviam acontecer...)

Foi principalmente esta a ideia que o livro me transmitiu. Por várias vezes dei comigo a recordar a minha infância, altura em que via o mundo com outros olhos e não compreendia muita coisa porque era coisa de crescidos. 

Gostei da forma como o livro está escrito, pois parece realmente que foi escrito por uma criança. Alguns capítulos deixaram-me um pouco triste no final por perceber a pobreza em que algumas famílias viviam. Ainda assim, eram famílias felizes e humildes. Dá que pensar... Um exemplo disso eram as filhas do Sr Tuarles. Eram cinco e todas viam muito mal e apenas uma, a Charlita, tinha um par de óculos amarelos e muito feios. Na hora da novela os óculos eram partilhados pelas irmãs, pois de outra forma só ouviam o que se passava, mas a cenas mais interessantes era a Charlita que via porque era a dona dos óculos. 

É um livro simples, mas acima de tudo, muito bonito. Vale a pena conhecer.

Para mais informação sobre o livro podem clicar aqui!

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