A Última Noite de Um Tirano

Antes de passar à opinião sobre este livro, gostava de referir que só este ano descobri Yasmina Khadra, em boa parte graças à parceria estabelecida entre o Delícias e a Editorial Bizâncio. Acho que se não fosse assim, dificilmente teria dado uma oportunidade a livros deste autor. Talvez pelos títulos estranhos que podem assustar o leitor, como por exemplo "Os Anjos Morrem das Nossas Feridas". Que quer isto dizer?? É preciso abrir o livro e ler a história para fazer sentido. A verdade é que estou bastante satisfeita por lhe ter dado uma oportunidade e arrisco-me já a colocar Khadra na minha lista de autores favoritos de sempre. Neste momento conto apenas com 3 livros lidos da sua autoria, mas os exemplares disponíveis na estante já ocupam um bom espacinho. 

E isto tudo para dizer que, mais uma vez, Yasmina Khadra não desilude. Assim que soube que a editora ia lançar mais um livro deste autor, não descansei enquanto não chegou um exemplar cá a casa. Mas é preciso começar a leitura com os pés assentes na terra, com consciência de que não se avizinha uma leitura fácil e que, possivelmente, vai levar um bocado até que se torne um "vira páginas". Foi assim que comecei, devagar e um bocadinho a medo. Ter expectativas muitos altas nestes livros não abona muito a nosso favor e só vai dificultar a leitura. Acho que só quem já leu alguma coisa deste autor me vai conseguir perceber. É que apesar destes livros serem um enorme prazer, são também livros muito violentos e gráficos e eu não os recomendaria a qualquer leitor. 

Em A Última Noite de Um Tirano é-nos relatada a última noite de Muammar Kadhafi, escondido numa antiga escola abandonada, juntamente com o que resta da sua guarda pessoal, até ao momento da fuga e captura. E calma que isto não é um spoiler - o livro não poderia terminar de outra forma, não é? A história é contada na primeira pessoa, através de sonhos e flashbacks do passado do ditador, que nos relevam um pouco sobre as suas origens e a sua ascensão. É deveras interessante "entrar" na cabeça do tirano e perceber como ele se considera dono da razão e como se equipara, inclusive, a Deus. Até que ponto o Kadhafi seria realmente assim, não sei. Aliás, pouco sabia sobre este homem antes de ler o livro. Mas não será assim que todos os ditadores se consideram? 

 Se fizesse um top com os livros de Yasminha que mais gostei, este ficaria em segundo lugar, sem dúvida! Mas também não vale de muito porque ainda só li três ahahaha Gostei muito do livro - nunca pensei gostar tanto - e recomendo-o, apesar de não o achar uma boa opção a quem queira ler algum livro deste autor pela primeira vez. Mais uma vez a editora está de parabéns pela aposta no autor.