Este blog não aderiu ao Novo Acordo Ortográfico!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Elogio da Madrasta, Mario Vargas Llosa

Mario Vargas Llosa nasceu no Peru em 1936, descendente de uma família de classe média. Hoje em dia é um dos autores mais conhecidos da América do Sul e, em 2010, recebeu o Nobel da Literatura pelas suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota individual.

A minha modesta biblioteca já conta com alguns livros da sua autoria, mas tal como acontece com tantos outros que por lá habitam, ainda não tive oportunidade de os ler. No entanto, o Elogio da Madrasta chegou às minhas mãos através da parceria com a associação Burgo Pedestal, que brevemente irá sortear um exemplar. Eu farei a devida divulgação, por isso estejam atentos ao blogue. 


O Elogio da Madrasta não é poesia, mas assemelha-se a uma ode. Depois do primeiro casamento do senhor Rigoberto ter terminado de forma trágica, com o falecimento da esposa, é nos braços de dona Lucrécia que volta a encontrar o amor. E parece que é aos 40 anos que ambos aprendem o que de facto é amar. Não só pelas hormonas fervorosas que levam os amantes a procurarem-se todas as noites, mas pela atenção e carinho que dedicam mutuamente. 

Do primeiro casamento do senhor Rigoberto "sobra" ainda o menino Alfonsito, descrito como um ser angelical, com cabelos dourados e feições arredondadas que todos os dias enche o papá de orgulho. Para além de ser um excelente aluno, vive encantado com a nova madrasta, que não poupa em elogios e aproveita todos os momentos para demonstrar o seu afecto. Só que, o que começa por um abraço ou um beijinho inocente, rapidamente toma proporções catastróficas. Dona Lucrécia fica em choque quando certo dia, o menino Fonchito lhe acaricia o seio durante um abraço de boa noite e subitamente os seus lábios tocam os dela. Inicialmente, dona Lucrécia assume que o menino não tem noção nem maldade nos seus actos, mas em pouco tempo o descobre escondido no telhado vigiando os seus banhos. Não sei se sou a única a achar que isto se resolveria com um bom par de chapadas, mas a benevolência de dona Lucrécia leva-a inesperadamente a um caso amoroso com o enteado. I Know, right?

Senti falta de algumas referências na história. Por exemplo: nunca percebi em que época decorre a acção. Por um lado poderia ser nos dias de hoje, mas a decoração e dimensão da casa, a existência de criados e a descrição de algumas roupas, deixou-me algumas dúvidas. Depois, também não se sabe ao certo a idade do Fonchito. Sabemos que dona Lucrécia acaba de completar 40 anos logo no início da história e o senhor Rigoberto também anda pela mesma faixa etária, mas alguma pista específica acerca da idade do miúdo tinha ajudado bastante a perceber melhor a dimensão do escândalo. Fiquei sempre com a sensação que devia andar pelos 10 anos, pela forma como é descrito e pela inocência das suas frases. Mas é possível que seja ligeiramente mais velho. Seja como for, o livro continua a ser escandaloso. O menino Fonchito revelou-se um autêntico diabrete.

Mas lá está, não faço ideia como serão outros livros do autor. O que para mim pode ser escandaloso, poderá também ser uma característica "normal" dos livros para quem conhece melhor a sua obra. A verdade é que o livro tem uma escrita super cativante. Quando vos digo que parece uma ode é porque todo o livro é um elogio à dona Lucrécia, seja pelas palavras do menino ou pelas promessas devotas do marido. Abriu-me o apetite aos livros de Mario Vargas Llosa e certamente que em 2017 vou satisfazer esse capricho. Fiquei fã do senhor :)

Para terminar, cá fica a pergunta da praxe: Já leram este ou outro livro do autor? Partilhem as vossas opiniões e recomendações!


6 comentários:

  1. Olá, Spi,
    Este senhor também tem o seu "quê", não tem? :D
    Este livro está ligado ao "Os Cadernos de D. Rigoberto", que deve ser uma sequela - quando o folheei lá andava um Fonchito a "melgar" a madrasta, realmente hehe

    Do autor já consegui ler três, e de dois gostei muito. Um é "A Tia Júlia e o Escrevedor", que é baseado na relação do próprio Vargas Llosa com a ex-mulher do tio (se calhar vem daí inspiração para o "escândalo" :P); o outro foi "Lituma nos Andes", que também é muito bom. Se quiseres empresto-tos.
    O outro que li foi "O Falador" e não me encheu as medidas...

    Para o ano tenho mesmo de voltar aos sul-americanos. Já tenho saudades...

    beijinhos

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Su,

      Sim, tem uma escrita muito particular e a verdade é que descreve imagens muito vívidas. Acho que pertence a uma série, sim. Os livros até não são caros, por isso acho que ainda devo arranjar mais algum. O Fonchito é uma bela peseta!

      Sim, hei-de pedir-tos. Eu tenho cá a Guerra do Fim do Mundo (acho que é isto), mas é tão grande que acho que para já me mantenho em livros mais pequenos. Por falar em Sul Americanos, também tenho alguns por ler. Pró ano! Viva o ano sem desafios!!

      beijinhos

      Eliminar
    2. Heheh! Mesmo! Vai saber tão bem escolher livros à vontade...

      beijinhos

      Eliminar
  2. Olá Sofia,
    Ainda não li nenhum livro deste autor, mas quero muito.
    Oiço falar sempre muito bem dele. Este não conheça.
    Beijinhos e boas leituras

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Isaura,

      Este faz parte de uma coleção que se chama "Os Cadernos do Senhor Rigoberto", se não estou em erro. Como são livros pequenos parecem-me perfeitos para começar a ler este autor. E a escrita é soberba :)

      beijinhos

      Eliminar
  3. Olá Sofia,
    Ainda não li nada do autor mas tenho muita curiosidade. MAs talvez opte por Travessuras de uma Menina Má ou A Tia Júlia.
    Beijinhos

    ResponderEliminar

Os comentários são sujeitos a moderação. Seja construtivo :)