A História de uma Serva, de Margaret Atwood, decorre num futuro distópico, não muito longe da nossa realidade actual. A presença activa da mulher na sociedade, juntamente com outros factores importantes - guerras nucleares, alimentos alterados, uso não controlado de químicos na agricultura - levam à redução drástica da natalidade.
Como forma de contrariar e corrigir esta tendência, é criado nos Estados Unidos um regime teocrático, que devolve a mulher aos propósitos reprodutivos. O regime democrático americano é abolido e o governo passa a ser feito por extremistas religiosos, os Comandantes. Neste cenário só são reconhecidos os primeiros casamentos, sendo os restantes considerados ilegítimos e as mulheres férteis, designadas de Servas, são obrigadas a conceber descendência para a elite estéril.
O meu primeiro contacto com esta história foi através da adaptação em série, que comecei a ver há poucos meses. Gostei tanto que vi as duas temporadas de rajada. Portanto, e como já devem estar a perceber, depois de ter visto todos os episódios disponíveis surgiu aquele nervosinho de quem não consegue esperar um ano para saber como é que a história continua. Comprei o livro.
Se por um lado há alguns detalhes que ficam mais bem esclarecidos no livro, como os episódios do passado, antes da criação de Gileade, por outro o livro não acrescenta muito ao que se passa na série. Aliás, a série não é uma adaptação, por assim dizer. É baseada no livro, o que pode parecer que vai dar ao mesmo, mas na realidade não. A história foi aprofundada e mais bem trabalhada, criaram-se novas personagens e certas passagens passaram a ter maior relevância. Um exemplo disso é a história de Emily, que tem um papel muito mais activo na rede Mayday e na revolução, enquanto que no livro acaba simplesmente por desaparecer de cena.
Seja como for, o foco aqui não é a série, mas sim o livro. Foi o primeiro livro de Margaret Atwood que tive oportunidade de ler. Infelizmente, não fiquei fã. Não gostei particularmente da forma como a história está escrita. A protagonista, que não chega a dizer como se chama, faz um género de relato mudo. Como se fosse contando a sua história a si mesma, ou imaginando que está a contá-la ao marido, Luke. É uma forma de não esquecer e de manter a sua sanidade. E é claro que a escrita faz jus a este aspecto. De facto, é como se estivéssemos dentro da cabeça da protagonista, a ouvi-la divagar entre a sua vida passada e o presente em Gileade. Não sendo uma escrita tão bem trabalhada, não foi isso que me desagradou inteiramente. O pior foi sentir a protagonista um tanto acomodada e submissa à sua vida enquanto serva. Senti falta da força da June e da sua vontade de revolta.
Os fãs de Atwood que me perdoem, mas senti ainda que a autora não conseguiu transportar para a escrita o impacto e a importância da história que criou. Trata-se de um futuro distópico não muito distante da nossa realidade. Ao ler o livro, deveria pairar sobre a nossa cabeça aquele género de "receio" que nos transmite George Orwell em 1984, por exemplo. Neste aspecto, também a adaptação televisiva está de parabéns.
Portanto, não façam como eu. Não comprem o livro em busca de respostas. Não vão chegar muito longe. Leiam o livro, porque não deixa de valer a pena, e depois então dediquem-se a ver a série.
Acabei por atribuir 3 estrelas no Goodreads, mas continuo interessada em ler mais livros desta autora.
Já alguém leu o novo, Chamava-lhe Grace?
Outras sugestões de leitura:
1984, George Orwell
Beloved, Toni Morrison
À Espera de Bojangles, Olivier Bourdeaut
Se por um lado há alguns detalhes que ficam mais bem esclarecidos no livro, como os episódios do passado, antes da criação de Gileade, por outro o livro não acrescenta muito ao que se passa na série. Aliás, a série não é uma adaptação, por assim dizer. É baseada no livro, o que pode parecer que vai dar ao mesmo, mas na realidade não. A história foi aprofundada e mais bem trabalhada, criaram-se novas personagens e certas passagens passaram a ter maior relevância. Um exemplo disso é a história de Emily, que tem um papel muito mais activo na rede Mayday e na revolução, enquanto que no livro acaba simplesmente por desaparecer de cena.
Seja como for, o foco aqui não é a série, mas sim o livro. Foi o primeiro livro de Margaret Atwood que tive oportunidade de ler. Infelizmente, não fiquei fã. Não gostei particularmente da forma como a história está escrita. A protagonista, que não chega a dizer como se chama, faz um género de relato mudo. Como se fosse contando a sua história a si mesma, ou imaginando que está a contá-la ao marido, Luke. É uma forma de não esquecer e de manter a sua sanidade. E é claro que a escrita faz jus a este aspecto. De facto, é como se estivéssemos dentro da cabeça da protagonista, a ouvi-la divagar entre a sua vida passada e o presente em Gileade. Não sendo uma escrita tão bem trabalhada, não foi isso que me desagradou inteiramente. O pior foi sentir a protagonista um tanto acomodada e submissa à sua vida enquanto serva. Senti falta da força da June e da sua vontade de revolta.
Os fãs de Atwood que me perdoem, mas senti ainda que a autora não conseguiu transportar para a escrita o impacto e a importância da história que criou. Trata-se de um futuro distópico não muito distante da nossa realidade. Ao ler o livro, deveria pairar sobre a nossa cabeça aquele género de "receio" que nos transmite George Orwell em 1984, por exemplo. Neste aspecto, também a adaptação televisiva está de parabéns.
Portanto, não façam como eu. Não comprem o livro em busca de respostas. Não vão chegar muito longe. Leiam o livro, porque não deixa de valer a pena, e depois então dediquem-se a ver a série.
Acabei por atribuir 3 estrelas no Goodreads, mas continuo interessada em ler mais livros desta autora.
Já alguém leu o novo, Chamava-lhe Grace?
Outras sugestões de leitura:
1984, George Orwell
Beloved, Toni Morrison
À Espera de Bojangles, Olivier Bourdeaut
Sem comentários:
Enviar um comentário
Os comentários são sujeitos a moderação. Seja construtivo :)